Da origem das árvores
Contam os povos de um lugarejo primitivo que, no início, os deuses criaram o sol, a ser o fogo vital de todos os processos da natureza. E, para exercício de medição de grandeza, criaram a terra, no extremo oposto, a ser fecundada pela vida.
O sol, então, se enamorou da terra e passou a desejá-la em todos os seus ciclos de fertilidade. A força de sua paixão, todavia, era tão intensa que a excessiva aproximação de seus raios poderiam destruir a terra, queimando-a em chamas. Ante a possível tragédia, os deuses o orientaram na justa medida de seu distanciamento e aproximação, em repetidos ciclos de existência. E, para alertá-lo quanto ao encerramento de cada período, os deuses criaram as árvores, destinadas a serem os termômetros vivos do excesso e da falta de calor.
Assim, todas as vezes que uma árvore se desfolha por completo, ante o excessivo distanciamento do sol, no reinado frio do inverno, a vida está clamando a reaproximação do sol, fonte de luz e calor. Se o sol não vier, as árvores perecerão e, junto delas, toda a fertilidade da terra se perderá no esquecimento.
Contam os povos daquele lugarejo primitivo que, desde então, as árvores nunca deixaram de refolhar, com a chegada da primavera.