Uma Rosa para Berlim- Armadilha

Anoitece e começa a chegar homens bem

vestidos e militares em grupo. Todos vão para

um salão e bebericam em um bar e jogam con

versa fora. Observo atentamente tudo o que se

passa no local. Karla chega com um grupo de

mulheres e as espalha por todo o salão. Vejo

no rosto de uma delas, a fragilidade e o medo

do lugar. Me aproximo de Karla e a interpelo.

- Se aqui é um presídio, por quê as oferecem

como objeto a ser vendido?

- Esse presídio é para isso - e me olha com ar

de quem não gostou da minha pergunta.

- E o que estamos fazendo aqui ?

- Tomando conta delas para os manda-chuva.

- Manda-chuva ou filhos de uma vaca?

- Cala-te ! - e se aproxima de mim com olhar

penetrante me fusilando - Faça seu serviço e

fica de boca fechada !

- Me sinto um lixo fazendo isso!

Um tapa me lança no chão e, mais que depressa

vejo-me cercada por militares. Uma mão me

puxa pelos cabelos e eu grito de raiva e ódio.

Me levam para um quarto e tenho minha farda

arrancada à força pela Karla enquanto recebo

uns tapas de um senhor esguio. A seguir vejo

a porta se fechar e eu não entendo nada.

Então a porta se abre e Karla me joga umas

roupas comum mas muito apropriada para o

lugar em que me encontro.

- Vista-se ! - e vai saindo - e depressa !

A porta se fecha e eu me visto bem depressa.

A porta se abre novamente e Frigga entra com

cara de quem comeu e não gostou. Me olha.

- O quê aprontou agora ? - e toca em minha

roupa verificando o tecido.

- Só disse o que penso deste lugar.

- Foi dispensada e vai ficar aqui com essas...

- Me parece que cai em uma armadilha !

- Se tudo der certo espero poder sair daqui !- disse

Frigga com ar de preocupação no rosto.

- O que está acontecendo ?- pergunto ficando

preocupada com o geito dela - que pensa?

- É que cada uma de nós fomos volocada de frente

com alguma situação preocupante.

- Como assim ?

- Eu estava me preparando quando chegou um

oficial da GESTAPO e resolveu possuir uma

das meninas na minha frente. Reagi pedindo

para procurar outro lugar e dois soldados me

retiraram e me trouxeram para cá.

- Não estou entendendo nada ! -falo acabando

de colocar minha roupa. Frigga não parece mais

demonstrar o ar de segura. Está com ar muito

nervoso pois, começa a andar de um lado para o

outro - Acalme-se que as coisas podem ser expli

cadas e tudo voltar ao normal - Está calada e eu

fico mais preocupada ainda. Passam-se uns 10

minutos e a porta se abre entrando 4 soldados

nos apontando submetralhadoras. Entre eles

um cabo mal encarado e bem fedorento.

- Comecem a andar para o corredor a direita e

nenhum movimento ou eu as matarei sem pensar!

Vou na frente e saio vendo 2 soldados barrando

a passagem para a esqurrda. Frigga me abraça

demonstrando mais medo do que eu e sinto que

ela está desesperada pois, quase ouço o bater de

seu coração. Está apavorada e parece começar a

tremer. Esfrego a cabeça dela enquanto somos

levadas para uma sala onde estão: Marija, Erna,

Morrigan com choro estampado, Gudrun com ar

assustado, Karla com ar de missão cumprida.

- Bem vindas ao verdadeiro lugar de cada uma de

vocês- solta uma gargalhadas de quem está

gostando da situação - A GESTAPO vem observan

do cada inimigo e inimiga do país e vocês foram

denunciadas pelo povo como exemplo que deve

ser retirado do convívio - Se aproxima de Frigga e

a toca com uma varinha de madeira - A você ficou

a tarefa de recrutar essas coisas de mau-exemplo.

Você executou direitinho sem saber que você tam

bém estava sendo caçada...bom serviço !

- Espero que gostem da nova moradia ! - interveio

o cabo sorridente.

Karla olha no relógio e sorri falando :

- São 18 horas e daqui à pouco espero vocês no

grande salão de festas.

- E o que as outras meninas que estão aqui fize

ram ?- pergunta Marija com ar revoltado.

Karla que já se retirava, para e volta-se falando:

- São prostitutas, comunistas, vadias, ladras,

Judias, ciganas e todo tipo de mulher que queria

se revoltar contra os novos direitos regidos pelo

Supremo chefe. - Então se retira nos deixando

espantadas com toda a situação. Então nos

abraçamos em círculo e ficamos nos afagando,

nos resignando com a situação.