Cinema Mudo
O quadro é caótico, o Estado Democrático de direito, que por vezes, em gritos de dor, lágrimas e sangue gerou a liberdade, idealizando o que seria o bem estar social, perdeu a noção da verdade frente a oportunidade, se envaideceu e criou vida, descerrou os olhos da justiça, fechou as portas das escolas, deixou de lado o hospital e abandonou a sociedade num mar de corrupção e omissão. Nesta realidade dura muitos jovens adoeceram, muitos homens se perdem e muitos ainda gemem a esperança mais do que adormecida, que cada dia soam esmaecidas frente a tantos pecados provenientes do olhar frio e morto de cada cidade. Nesse dia a dia, Paula apaixonada voltava do trabalho cansada para encontrar a paz do seu lar no colo do seu recente amor. Não obstante a tanta poeira e agonia encontrou Diamantino, seu namorido, rapaz rústico enciumado, reclamando dela ter conversado com um operário da construção ao lado do seu trabalho, por sua vez, a moça ouvindo calada tentou acalma-lo com um beijo, quando, sem esperar aquela reação, foi jogada no chão, espancada como um velho cão, até que, ao extremo da violência fora várias vezes alvejada com golpes de facão.
Covardemente assassinada aquela moça em sua agonia, pela vida, não foi poupada da capacidade desumana do rapaz, em ainda, sob efeito da insanidade, como muitos hoje, se preocupam mais em filmar do que em ajudar, filmou passo a passo de sua ação sórdida. E não contente aproveitou-se da tecnologia pra envenenar as redes sociais com a sua obra, uma oferenda a loucura, que ele, como um iluminado dessa selva de pedras, chamou de paixão. O mundo ao redor está entre o fútil e o desumano, parecem pessoas, mas agem como a programação de seres doentes, são transeuntes ao redor do fogo, prontos a decapitar próprio pescoço. E como cineastas do apocalipse versam um sistema, do qual tem-se medo, mas como um compacto natural vai se infiltrando e se enraizando nas comunidades, mostrando o lado negro e demente de cada um.
Infelizmente, com base na indiferença, na desigualdade, na luxuria, no poder e desobediência da lei a sociedade vai criando o seu monstro, que paulatinamente come os seus filhos, impondo fim ao futuro; dilacerando os seus velhos sábios, acorrentando a consciência a uma impotência nula, que o idealista já começa a dar mostras de um cansaço nocivo, chegando como um ser vivente, um escravo recorrente, de um mundo sem solução. Onde amar, cuidar e seguir o que é certo, é a perdição e assim, a saída encontrada, diante da impotência, diante de tanta indignação, falta de respeito e injustiça é noivar-se cegamente da morte.