A Ordem

Dona Maria Luzia Aldenora de Fátima, Vanusa Tatiane Risete Valquiria de Souza e Souza ficou sabendo que no ginásio de esportes de sua cidade haveria um encontro de igrejas e como ela estava sem emprego a longos ou eternos anos, pra ser mais exato. Sendo ela uma senhora trabalhadora, daquelas que não gostava de deixar escapar uma oportunidade para honrar as suas responsabilidades e manter a casa. Mais do que depressa se organizou. Procurou se certificar da data do evento e se realmente iria acontecer. Feito isso foi à casa de dona Dulce e negociou por empréstimo um carrinho de lanche, que estava parado no fundo do quintal. Comprou todo o material para fazer lanche e na noite do evento, umas duas horas antes de começar a entrarem se alojou como muitos, nos arredores do ginásio.

Já no local, fazendo boa amizade com algumas pessoas, que tiveram a mesma idéia em face da necessidade de cada um, seguindo o que planejou conversava sobre a novela, falava da presidente e da carestia enfrentada até ali passando o tempo até de fato tudo começar.

Quando um alvoroço tumultuou e o pavor começou a tomar conta daqueles vendedores ambulantes. Era um desespero, misturada a agonia e indignação.

Conversando, anarquizando ou reclamando os verbos chegaram até a dona Maria Luiza, que a prefeitura estava multando e apreendendo todo o material de quem estivesse vendendo lá.

Ninguém entendia ao certo por que aquilo estava acontecendo e mais ainda confuso ficou, quando a chuva de acomodada, transformou-se em pesadelo, para quem mora em área de ressaca. Ai foi um Deus me acuda, os ânimos se exaltaram, a policia fechou o cerco, muita gente levou borrachada, foi preso e dona Maria coitada voltou pra casa, sem o seu carrinho e pior, vendo a sua casa em baixo d’ água.

Desgraça vai, desgraça vem e conversando, conversando ela sem querer descobriu que os guardas Municipais foram previamente informados para barrar vendas na frente do ginásio, para que os fieis comprassem da lanchonete de dentro do ginásio e não dos ambulantes.

Agora ela com as coisas destruídas, o carrinho de lanche confiscado, sem o pouco dinheiro que ela disponibilizara pra compra do material visando um lucrinho, não sabia o que fazer. A ordem foi pagar pra ver, embora o senhor Raimundo, outro vendedor insistisse, aos berros em dizer, ou melhor, perguntar aos guardas que estavam prendendo e batendo onde estava a Democracia, ou a liberdade, que ele como eleitor fez por merecer.

A omissão se juntara a corrupção e a impunidade fez valer a política da situação. Os mais fracos ficaram com prejuízo e no meio das feras o povo mais uma vez se viu como o dono do picadeiro. Tudo o que se viu na TV, foi só um lado, secretários com justificativas pra o modo de agir, de reprimir e aqueles necessitados trabalhadores informais ali num canto da parede como foras da lei, sem ao menos ter direito de discutir. Isso é Democracia nos moldes de um País em desenvolvimento?... Dizia Alguém. Exaltava-se outro: Brasil - Ame-o ou deixe-o.

E assim vão passando os anos.