A História de Tia Augusta
Em 1943, foi o ano em que minha tia Augusta casou com tio Tonho, as condições da família não eram lá muito boa, minha tia pensava que se tirasse na loteria as coisas iam melhorar, já que depois de muito jogar nada conseguia comentou com a criada que precisava tirar na loteria. A empregada disse que daria um jeito, mas minha tia acho estranho e quis saber como?
Abordou em outro dia a Joana sua empregada perguntando: Eu te falei do meu sonho de tirar na loteria e tu me disseste que daria um jeito, mas que jeito é esse? E se sabes porque tu mesmo não ganhas?
A Joana respondeu que este não era o sonho dela. E concluiu : Não digo agora não senhora só amanhã depois das dez da noite. Minha tia não insistiu, mas disse ainda: Não inventes nada de errado. E achou que tudo era besteira da empregada velha, mas como sucedesse que as dez em ponto a Joana disse: Dona Augusta quando eu saí ontem fui falar com um amigo meu e ele disse que pode se a senhora quiser tentar, mas é preciso ter coragem e ficar até o fim da revelação.
Quiser o que Joana? O jogo, a loteria.
Amanhã a meia noite numa encruzilhada e ele disse que se seu santo for forte a senhora consegui mesmo.
Minha tia disse não eu não vou e além do mais o meu marido esta viajando. Então a Joana começou: Acho que a senhora não tem mesmo muita vontade não de ganhar nessa tal de loteria e a Joana insistiu tanto e tanta era a vontade da tia Augusta que ela logo cedeu.
Estava caindo uma chuvinha muito fina e o relógio também batia dez horas, minha tia e Joana se aprontaram e saíram de casa, mas adiante encontraram o amigo de Joana que era um homem bem forte de mais ou menos um metro e oitenta. Minha tia o cumprimentou e naquela linguagem cheia de erros começaram a procurar uma encruzilhada. Tia Augusta disse que sentia um frio diferente pelo corpo inteiro, mas mesmo assim ainda recusou três encruzilhadas por ser perto da sua casa e queria evitar que alguém conhecido a visse. Finalmente encontraram uma mais conveniente, havia mato ao redor. O homem deu um passe em Joana e começou a fazer uma prece indefinível. A chuvinha fina continuava e então as folhas das árvores começaram a assoviar e os troncos das arvores rangiam e então viram dois vultos que valsando, eram um homem e uma mulher, se aproximando e valsando se encaminhando para minha tia, com olhar fixo e estavam vestidos luxuosamente a Luís XV, não se via os rostos só os olhos, andavam dois passos apareciam e desapareciam, quando reapareciam estavam mais próximos e assim por diante. Minha tia olhou para o homem para ter confiança mas sua fisionomia estava tão transtornada e transfigurada e ele soltou um grito apavorante e correu. minha tia disse que não teve nem duvida e de pernas bambas e com o corpo todo tremendo também correu e só parou quando chegou em sua casa, foi quando se deu conta da falta da Joana. Mas na manhã seguinte Joana não apareceu foi encontrada morta e trazia em sua mão um leque todo bordado a ouro, não havia ferimentos, causa da morte desconhecida. Tia Augusta muito entristecida foi procurar o homem, amigo de Joana. O homem forte de um metro e oitenta estava doente, jogado em cima de um leito, reduzido a uma incógnita. O homem negro estava pálido e sem cor. Ela perguntou a ele o que viu e ele apenas disse cousas pavorosas, viu maldições saírem da boca daquele casal que valsava.
Esta história me foi contada por tia Augusta durante um café da manhã em sua casa, no dia primeiro de julho de 1976.