A Loira

Eric do Vale

Feito aquele soldado japonês que, durante a Segunda Guerra Mundial, permaneceu vinte e nove anos no seu posto, em uma ilha deserta, acreditando piamente que o confronto não havia acabado, eu caminhava pelas galerias e depois, voltava para o ponto de encontro na ânsia de que alguém pudesse aparecer.

De saída do cursinho, a Carla me falou:

- O pessoal está combinando de sair, hoje á noite. Está afim?

Como eu iria fazer uma prova, no dia seguinte, dei poucas garantias. Entretanto, mudei de ideia, naquela mesma hora. Combinamos, juntamente com a turma, de nos encontrarmos no shopping, por volta das 19:00.

-Aquele que chegar primeiro, espera pelo outro, na porta do cinema. _ Falou o Bruno.

De domingo à domingo, queimando as pestanas com um único objetivo: passar no vestibular. Eu tinha certeza de que aquilo era somente uma fase e assim que ingressasse na faculdade, iria à forra.

Cheguei com dez minutos de antecedência, porque morava a alguns metros do shopping. Fiquei um bom tempo na livraria e quando deu dezenove horas, dirigi-me ao local combinado e esperei pelos meus amigos. Passados quinze minutos, ninguém havia chegado. Telefonei para o Bruno e esse me disse que infelizmente não poderia comparecer, porque houve um contratempo. Depois, liguei para a Carla, porém o celular dela encontrava-se fora de área.

Além de não possuir o número das demais pessoas que também marcaram presença, a bateria do meu celular estava fraca e não demorou muito tempo para descarregar. Era inacreditável que todo mundo tivesse desistido, na última hora! Mesmo assim, não perdi a esperança de que viessem.

Aproximei-me de uma loira perguntando as horas e ela me respondeu que eram oito e meia. Fiquei mais um pedaço na porta do cinema e prestes a ir embora, fui abordado por um homem:

-Quem é aquela loira que você estava conversando?

- Não sei. Eu só perguntei as horas a ela.

- Ela é muito bonita.

-É verdade.

-Ela está esperando alguém?

- Não sei dizer.

-Por que você não chega junto?

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele me veio com esta:

-Deve ser um travesti.

Não dei ouvidos, pois, naquele instante, eu só pensava em ir embora.

-Vai dizer que você também não pegaria? _ Perguntou ele.

- A loira?

-Não, um travesti.

-Você é homossexual?

-E se eu for, tem algum problema?

-De maneira alguma, desde que não mexa comigo.

-Talvez, eu esteja enganado e ela não seja um travesti.

-Eu já vou indo.

-Já?

-Sim. Preciso acordar cedo, amanhã.

Não prestei atenção ao que ele dizia e sai sem olhar para trás pensando: “Será?!”.

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