Uma Rosa para Berlim- Deserção
Voltando ao quartel eu recebo os parabéns e sou levada para um pequeno dormitório onde ficarei. Vejo algumas garotas da minha idade alegres e falantes. Uma outra está em um canto , calada e triste. É de minha altura, loira e com ar triste.
- Meu nome é Nina!- ela olha pra mim- por quê tanta tristeza?- pergunto me sentando ao lado dela.
- Brigida- responde ela com ar de poucos amigos- não queria estar aqui.
-Nem eu...estou aqui por força maior!
- Que força maior?
- Meus pais morreram e eu fugi- dou um sorriso olhando-a - fiz muita bagunça por ai e...- olho para o chão - para não morrer estou aqui.
- Minha familia é pobre e essa foi a solução que minha mãe achou melhor para mim... meu pai ficou contente.
- Mas você não gosta daqui.
- Queria fugir daqui.
- Somos duas.
- E por quê não fugimos?
- Primeiro temos que estar forte. Depois a solução final.
E assim me torno amiga de Brigida e vamos para o campo de treinamento juntas. Logo notamos que entre os homens existe um soldado triste e cabisbaixo. O destino é muito sorrateiro pois, faz com que coloquem ele no nosso grupamento. Um tenente de quase 2 metros de altura ao perceber nosso trio descontente , se aproxima rindo.
- Heil Hitler!
- Heil Hitler!- respondo.
- Heil Hitler!- responde os os dois ao mesmo tempo.
- Ai está o grupo dos que vão morrer em combate.- e dá uma gargalhada.
Nós 3 nos tornamos amigos e ,por 3 mêses e pouco, passamos por um treinamento ríspido. O rapaz cujo nome é Piotr, chegou a ficar doente por uma semana. Depois fica curado e somos liberados para um passeio no centro de Berlim . Recebemos alguns Reichsmark para gastar. Ao passarmos por uma rua da periferia, deparamos com um grupo de Judeus presos pelo pessoal da GESTAPO . Fico arrasada ao ver que Ruth está entre os presos que estão sentados no chão para serem embarcados. São uns 20 Judeus.
Ruth me encara com um ar de desgosto e decepção.
- Bela mulher! - disse Piotr fixando seu olhar no dela - garota desejável.
Observo os dois se entreolhando e o pessoal da GESTAPO se aproxima.
- Identificação!
- SS !- eu gritei mostrando a identificação e vendo Ruth olhar para mim com ar de espanto. Os 2 mostram suas identificações e o policial volta ao seu lugar.
- Gostou dela? - pergunto olhando para Piotr.
- Muito! - responde ele rindo.
- Lute por ela!
- Fuja e ajude-a a fugir.
- Os GESTAPO estão ai!
- É o nosso momento de tomarmos uma decisão definitiva - disse Brigida olhando para o caminhão - eu dirijo muito bem.
- Eu também - disse Piotr rindo.
- Saiam daqui ! - gritou o policial se aproximando com outros dois policiais - vão embora porque este lugar é perigoso.
- Queremos vê- los bem próximos a fim de demonstrarmos nossa superioridade - disse Brigida bem alto.
- Està bem! - disse o policial voltando para sua posição.
Nos aproximamos o máximo possível. Eu quase toco em Ruth que está estática e com muito ódio por dentro ao encar- me.
- Não se aproxime dela tanto assim- grita o policial mais próximo.
Olho o brinco de prata de Ruth.
- Estou de olho nos brincos dela!
- Pegue-o! - gritou rindo o policial.
Me aproximo como quem vai retirar o brinco e falo no ouvido dela.
- Assim que começar a festa, grite para todos entrar no caminhão.
- O que está pretendendo?
- Tirar vocês daqui.
- Correrão riscos por nós?
- Vale a pena.- me afasto e vou até o policial que usa a submetralhadora.
- o brinco é feio de petto.
O policial gargalha e aproveito para desarmá- lo com um soco no queixo e puxando a arma para mim. Atiro nos outros com vontade e Ruth ordena
- Todos para o caminhão!
Piotr ajuda os mais velhos e criança. Brigida vai para a boleia e eu atiro em quem tenta se aproximar. Recolho as armas e passo para Piotr e Ruth. Jogo uma na boleia e, após todos embarcarem, grito entrando na boleia.
- Rumo ao sul pois, tem muitas árvores.
Nós seguimos pela rua até sairmos da cidade. Então pegamos a estrada rumo ao sul e olhando pelo retrovisor, vejo 2 caminhões com soldado se aproximando rápido.
- Acelere mais! - falei para Brigida.
- É o que estou tentando fazer! - disse Brigida preocupada e olhando para o ponteiro de gasolina - estamos ficando sem combustível.
- Vá o mais longe que puder.
- O que está acontecendo? - pergunta Piotr.
- Estamos quase sem gasolina - grita Brigida nervosa.
Realmente acaba e o caminhão para. O lugar é bem arborizado e Piotr parece conhecet o lugar pois, grita apontando para uma ladeira com muitas árvores:
- Conheço aqui e sei como escapar.
-Alguém tem que conter o grupo de combate - grita Brigida preocupada.
- Eu fico! - gritei dando um tiro.
- Eu também! - disse Brigida se podicionando - E você leve-os à salvo, Piotr.
- E vocês? - perguntou Piotr indicando a direção.
- Alguém tem que ficar - falei alto.
- Mas Nina.....- Fala Ruth se aproximando- de novo ficando?
- Vá rápido - grito empurrando-a.
- Fique com Deus! - e sai correndo.
Eu e Brigida demos alguns tiros em direção aos militares e tomamos outra direção. Dá certo pois , chegam e correm atrás de nós duas. Caem na armadilha e corremos para um desfiladeiro oposto e ganhamos terreno pois, somos em duas e treinadas. Logo ,logo eles nos perdem e resolvemos chegar em um casebre velho. Entramos e ficamos posicionadas. Engano nosso, chegam 10 soldados bem armados reclamando.
- já estamos em final de agosto de 1938 e temos que aturar este tipo de operação.
- Eramos para ir para a Polonia ou França.
Os dois falante se separam dos outros e nós duas nos escondemos em um alçapão que tem o casebre e esperamos até que as passadas se tornem longíquas. Brigida sai na frente e devagar e eu olho ao redor.
Verificamos não ter mais ninguém e fico mais tranquila.
Procuro comida pois, já é de tarde.
- Encontrei fruta tropicais e da região - grita Brigida.
Vou até lá e vejo ela mechendo numas caixas com laranja, maçã, uvas e, queijos em grande quantidade. Percorro o casebre e percebo sangue no chã e marcas de tiros.
- Quem é que esteve aqui não volta mais pois, houve morte aqui.
- Então vamos comer pois os mortos não voltam - disse Brigida comendo o queijo mesmo com a mão suja. Acabo fazendo o mesmo e procuro água e acho um talha cheia. Esta passa a ser nossa casa agora.