O Sonho de um Louco
O sonho de um leitor
A sala meio escura, o cinzeiro até a borda de cigarros mal fumados, parecia que não tinha ninguém ali há séculos.
- Virginia..Virginia..Woolf??
- Estava pensando...diz Virginia timidamente- E se cada um de nós, selecionarmos um personagem de alguma obra e criarmos uma situação de interação entre eles?
- Idéia Formidável- diz Scott
-Não sei não, resmunga Ernest.
-O que acha Franz?? indaga Scott
- Eu precisaria pensar sobre isso, e possivelmente escolheria Joseph K- diz ele com seu jeito doce.
-Pobre Joseph K, condenado sem saber de seu processo- diz Scott
COF, COF, COF- Kafka tem um acesso de tosse, solta sons como se tivesse três gatos em sua caixa torácica.
Gatsby poderia criar uma relação com Clarice Dalloway, seria auspicioso a conversa, pois ambos criam festas para encobrir seus vazios- diz Scott mostrando uma empolgação de menino.
Virginia solta um meio riso e parece refletir sobre a ideia do colega.
- A doce Dalloway poderia também, ter uma experiência com Catherine e David- Diz Hemingway, com um brilho malicioso no olhar.
- Como é difícil...
-O que é dificil Virginia??
- Escrever, as vezes me sinto oca.
- Todos passam por bloqueio criativo, faz parte do processo, e você é COF, COF, és brilhante- diz Franz.
Meu caro, essa tosse está tirando a minha concetração- solta Hemingwey um tanto alterado.
- Perdoe-me senhores, ela se encontra cada dia pior, e me toma toda noite, estou péssimo.
-Eu vou tomar um ar, perto do rio, quem sabe encontro inspiração - Virginia lentamente se levanta um tanto arcada, olha para todos como se fosse pela útima vez .
-Quer companhia Virginia? Prometi a Leonard e...-
-Não Obrigada Querido,- diz ela gentilmente, - O contato com a natureza me revitaliza, Adeus, Er digo até mais- despede- se Virginia com um vazio no olhar.
- Virginia, deixou aqui suas notas...parece uma carta- Vocifera Hemingway sempre com seu whisky na mão.
-Há uma infelicidade límpida nela- solta Scott
-E quem é feliz? a felicidade é tão efêmera, a tristeza, o sofrimento é presente, olhemos em volta meus caros., por isso vamos nos embriagar para suportar o tédio que muitas vezes nos rodeiam. - Ernest diz com uma sombra no olhar.
-E digo lhe mais: Não existe homem inteligente que seja feliz. diz como um discurso.
- Disse tudo Ernest- diz Kafka dessa vez com sucesso em terminar uma frase, sem tossir.
- Brindemos isto, a Infelicidade- todos se levantam e brindam seus copos.
- Virginia está demorando.
- E ela não estava errada,tá complicado escrever..
- Achei que iamos somar com nossa reunião.
-Falando nisso Ernest, tem um telegrama de sua mãe aqui e acho que você não viu.
Hemingway engole a seco, e sai apressadamente para fora.
Vinte minutos depois, ouvem se um barulho de tiro.
Geraldine acorda suando frio de seu sonho com a enfermeira já pronta a lhe dar a pílula da manhã.