DÊ UMA MORDIDA!

 


_ O que é isso?
_ Colhi ali. Aquele bicho comprido ali, feito só de pescoço, - disse apontando para o fulano - foi quem me deu. Ele disse que foi você quem colocou o nome. Porque o Homem - ela apontou pra cima - mandou, e você colocou. E ele achou bom.
_ Ah! é? Qual é o mesmo o nome que dei? É tanta coisa pra colocar nome, que a gente até esquece.
_ O nome não, tem vários, você criou muitos para serem usados depois da Torre desmoronar. Tem maçã, apple©, manzana, Apfel e pomme. E muitos outros. Mas não está escrito em lugar nenhum. É só o que dizem.
"Êta homem caduco!", pensou ela. E continuou:
_ Dê uma mordida?
_ Será que pode? O Homem - ele olhou pra cima - é cheio das regras.
_ Que nada, é até gostosa. Meio dura mas gostosa.
_ Tá bom. Nhac.
_ E aí?
_ Ela no início é gostosa, mas depois amarga um pouco, meio que aperta.
_ Tô pensando em fazer uma torta pra melhorá-la. Uma amiga, lá da Liga Feminista Contra o Homem das Regras,  me deu uma receita.
_ Quem?
_ A Pandora!
_ Quem é essa Pandora?
_ Aquela grega que anda com uma caixinha.
E desde então começaram inventar uns melhoramentos para aquele lugar. Que apesar de paradisíaco, era meio rústico
(...)
Depois de um silêncio constrangedor, ele disse meio imperativo:
_  Vá! Vista uma roupa e costura uma calça pra mim!
Desde então, comeram do fruto do conhecimento, que começa doce e termina amargo. Assim inventaram também a melancolia.