Missão Cumprida
Deitado em sua rede, no bairro São José; Vagnelson já quase roncava, quando o seu celular tocou.
- Alô! Disse ele. Era o seu irmão, que estava fazendo uma festa na casa de uma amiga, mas o som pifou. Então perguntara se Vagnelson poderia levar o seu som para tocar lá.
Prontamente Vagnelson se arrumou e disse a mulher que iria quebrar um galho para o irmão. Marieta, que estava grávida e com dois filhos pequenos só olhou e concordou com a cabeça, de lá do fundo da rede.
Vagnelson, sem se preocupar com as horas arrumou as tralhas e colocou a caixa de som sobre a cabeça e seguiu rua afora.
Uma e meia da manhã era a hora exata, e de ponte em ponte Vagnelson chegou a rua principal.
Quando ia atravessando a rua para tomar a rua paralela, uma viatura de policia que seguia a sua rotina de trabalho viu aquela cena e não teve dúvida pararam o rapaz.
- Ei moço! Pare ai! Disse o guarda.
Vagnelson obediente parou e colocou a caixa no chão para ser revistado.
Em seguida ouviu a seguinte pergunta: - De quem é essa caixa de musica e pra onde tu vais com ela?
Vagnelson não se fez de rogado e disse:
- Seu policia eu sou trabalhador e to levando essa caixa, que é minha pra tocar na festa do meu irmão.
- Cadê a nota fiscal? Perguntou o outro guarda de dentro da viatura.
Vagnelson respondeu: - Não tenho, mas posso provar que é minha. Acompanhem-me até minha casa.
Os policiais não acreditaram na versão de imediato, mas o acompanharam até a sua residência, pra certificar a historia do rapaz, que foi piamente confirmado pela companheira e eles se certificaram com a revista. Assim, seguiram no seu trabalho e Vagnelson foi de novo ao rumo da festa do seu irmão.
Já beirando duas horas da manhã Vagnelson passou a rua paralela e quando estava chegando ao seu destino, outra viatura lhe parou e fez as mesmas perguntas até confirmar outra vez na residência do rapaz, que o aparelho era definitivamente seu.
Novamente Vagnelson seguiu pela ponte e quando estava chegando à rua paralela encontrou uma gang, que sem perguntar-lhe coisa alguma o atacaram e tomaram a caixa de som, jogando Vagnelson dentro do lago.
Vagnelson vinha saindo e bastante machucado encontrou a primeira viatura, que compadecido da situação relatada pela vítima foram em perseguição dos bandidos para recuperar o bem de Vagnelson, como uma questão de honra, Afinal aquele rapaz era um trabalhador e a policia tinha que cumprir com o seu papel de proteger o cidadão.
Só que dessa vez tiveram que levar Vagnelson para a delegacia como parte da burocracia, para que ele, Vagnelson, registrasse a ocorrência e os bandidos pagassem pelos seus malfeitos.
Então, isso já beirando às três, para as quatro da manhã, o escrivão pede a Vagnelson a sua identidade para fazer o de praxe e inocentemente ou sabe-se lá porque, ou melhor coagido pela situação não teve escolha, e ele entregou o seu documento. Nisso o irmão de Vagnelson ligava dando bronca no rapaz, por que não chegava com o aparelho musical e a festa estava ficando comprometida, pois o tempo, que não obedece as nossas regras partia solidário com o alvorecer.
Nesse ínterim, quando Vagnelson termina de acalmar o seu irmão os policiais algemam Vagnelson e dizem:
- Você está preso!
Meio que atônito Vagnelson pergunta:
- Por que?
E é relatado pra ele que no sistema aparecera um mandado de busca e apreensão pelo seu extenso currículo, que culminava com as acusações de prática de roubo, venda de armas e trafico de drogas. E que o seu nome, segundo a identidade não era Vagnelson e sim Wagner Nelson do Zanzôs, o vulgo, procurado e temido "Capeta".
- Missão cumprida! Finalizou o delegado, quando a porta da cela se fechou para o foragido Wagner Nelson.