1987. 2 cruzados no bolso. Nada no banco ou na bolsa. Um monumento à pitimba! Havia uma semana vivia a custa de mortadela e repolho. Estava "morrendo" de fome... digo... vivendo com fome, estômago roncando e matando cacharro a grito. E assim morrendo vivia.. ao deus dára. Deus não deu. Foi para o centro da cidade comer no Restaurante Pindaíba, que imagino ficava ali perto da Avenida Paranaíba. Depenou o bolso e pediu um PF pra lá de suspeito. Veio o prato, olhou a comida e a primeira coisa que viu foi um imenso cabelo, muito preto, embaraçado com o espaguete. Como numa orgia à Laocoonte. Levantou e fechou olhos, como se a Deus estivesse agradecendo: "Oh Deus! O que é isso, um tipo de provação?  Não é assim que se conquista um coração!". Abaixou a cabeça e aquilo comeu fingindo ser macarrão. O resultado foi digerido como se fosse o néctar dos deuses. Desde então ficou livre para pensar em outras coisas que não fosse comida. Isso até a próxima fome.