CACHORRO TAMBÉM É GENTE
Eu sempre gostei de cachorros. Desde o primeiro que conheci em que me dei por gente. E quando me dei por gente, descobri que o cachorro também é gente. Isso não me importunou, pelo contrário, até fiquei feliz de saber que eu tinha um semelhante tão amável, carinhoso e fiel como o meu Barão.
Como eu gostava de ouvir meu pai dizer que o Barão era um ano mais velho que eu e que era filho da Negrinha, uma cadelinha já velha que tinha dado a última cria, dois cachorrinhos machos. Um deles, era o Barão, meu amigo fiel, e o outro era o Duque, que ficou com o meu avô, proprietário do sítio e que morava a cem metros de nossa casa.
Mesmo sendo gêmeos, os dois cães não tinham a mesma cor, embora tivessem o mesmo tamanho. Barão era malhado com as cores mescladas de amarelo, preto e branco, listradas mais ou menos como a um tigre. Modéstia à parte, era dos dois o mais bonito. Já o Duque, era de uma cor só, sem nenhuma pinta. Nem branco, nem preto e nem amarelo. Tinha uma cor descolorida, muito bonita e para mim indefinida indiferente.
Naquele tempo eu via sua cor e nem me importava em saber qual era. Hoje, sábio e ensinado na escola da vida e depois de passar e reprovar em muitas provas, acho que posso defini-la com exatidão. A cor do Duque era bege claro. Só que ainda não entendo como uma mãezinha negra como a noite pudesse ter gerado dois gêmeos de cores tão díspares. Será que houve dois pais para uma mesma mãe? Ou o paizão cachorro que, aliás ninguém conheceu, exceto a mãezinha Negrinha, era um cão multicor? Talvez quem sabe Freud explique.
O fato é que quando eu tinha dois anos de idade e os irmãos gêmeos, Barão e Duque, tinham mais ou menos três, meu avô e minha avó e mais três filhos, meus tios, meio jovens e adolescentes, mudaram-se para a cidade situada a uns vinte quilômetros do sítio coberto de cafezais e que ficou por conta de meu pai, meeiro de seu pai, meu avô.
Para mim, pouco mudou, exceto pela falta dos avós e de meus tios e do Duque, que vivia para lá e para cá, sempre brincando com o Barão, seu irmão gêmeo. Claro, que como todo cachorro, não só brincavam, como também brigavam. Assisti a várias brigas dos dois irmãos e o que pude observar, os dois tanto batiam como apanhavam. No fim, voltavam a ser amigos e irmãos inseparáveis.
O mais curioso, entretanto, é que após a mudança de meus avós para a cidade, localizada a uns vinte quilômetros do sítio onde fiquei eu e meus pais e o fiel Barão, os dois irmãos gêmeos e cachorros amigos, não se esqueceram um do outro, tanto que se visitavam frequentemente.
Quantas vezes vi o Duque chegar abanando o rabo e cheirando cada canto da casa velha onde morou, levantando uma das pernas e mijando nos cantos, até chegar em minha casa e pular de alegria, abraçando todos nós, meus pais, a mim e meus irmãos e minhas irmãs. Claro, que já acompanhado do irmão gêmeo, o Barão roceiro, numa arruaceira danada.
Só que o inverso também acontecia com a mesma frequência, porquanto meu Barão também desaparecia de vez em quando e a gente sabia para onde ele ia. Quantas vezes ouvi meu avô e minha avó contar que o Barão chegava na casa deles na cidade e fazia a maior festa, entrava na sala, na cozinha nos quartos, balançando o rabo e pulando e se retorcendo, sempre acompanhado pelo Duque que nunca o deixava e o atracava e o lambia dando grunhidos e latindo. Era uma festa na cozinha e na sala que se estendia para o quintal, os dois se lambendo, se mordendo, se atracando, caindo e rolando na maior alegria.
Pois bem, como tudo o que é bom se acaba e o bem pouco dura, um dia meu avô faleceu. Alguns anos depois, minha avó também desfaleceu. Mas muitos anos antes, os dois cachorros, irmãos gêmeos, que faziam parte da família, já haviam morrido.
Vou contar com detalhes a morte desses dos cães com os quais convivi e que me conheceram, me lamberam, me abraçaram e um do outro teve ciúmes de mim, por isso brigaram e a rixa terminou quando os dois se separaram na mudança dos meus avós para a cidade.
O Duque se foi com meus avós e tios no caminhão de mudança. O Barão ficou comigo e meus pais, sentado sob as patas traseiras e olhando triste até o caminhão da mudança sumir naquela estrada de terra poeirenta. Depois voltou-se para mim e me abraçou e me derrubou, fazendo a maior festa, como se nada tivesse acontecido.
Hoje, depois de tanto estudar e aprender, descobri que o cachorro gostaria de ser gente, tanto que ele sabe que seu dono é gente, mas como ele ama muito o seu dono, chega ao ponto de se identificar com ele, se achando que também é gente. E como eu gostaria de ser cachorro!
Bem, agora vou contar como foi a morte dos dois irmãos gêmeos, Barão e Duque. Os dois cães, Barão e Duque, nasceram no mesmo dia, mais ou menos um ano antes de eu vir ao mundo. Como já disse, a mãe deles era a Negrinha, uma cadela já velha e que procriou pela última vez.
Antes de contar a morte de Barão e Duque, acho que devo descrever o passamento da mãe desses dois heróis de minha vida, ou seja, da cadela Negrinha, até aqui quase esquecida. Será por ter sido uma cachorra preta?
Nada eu sabia dessas coisas de racismos, era ainda uma criança e só sei que após darmos comida para a Negrinha, ela comia, muito pouco aliás, e saía, como de costume, para dar sua voltinha ao redor da casa, às vezes indo um pouco mais longe, mas sempre voltava para deitar na soleira da porta.
Como ela já estava surda e quase cega, por causa da idade, numa tarde desviou-se do caminho e se adentrou no curral e foi atacada por um boi que a chifrou, jogando-a por cima da cerca. Ela caiu do outro lado desmaiada e nós corremos e a socorremos, levando-a para nossa casa. Cuidamos dela.
Seu estado foi só piorando. Passou a noite toda agonizando e morreu ao amanhecer de um novo dia. Ainda bem que os gêmeos, Barão e Duque, não tomaram conhecimento da morte da mãe Negrinha. Um porque estava longe e outro por estar a caminho para visitar o amigo irmão.
No mundo dos humanos, porém, a morte é cerimoniosa, sepultura suntuosa, lamentos, preces, choros, flores e, por fim, o esquecimento. Meu cachorro Barão voltou, e pelo que percebi não sentiu a falta de sua mãe Negrinha. Continuou sua vida farejando aqui e dali, vez em quando recebendo a visita do irmão Duque, outras vezes o visitando, assim o tempo passava de vento em popa.
Depois de alguns anos passados, eu já tinha doze anos de idade, de repente o Barão sumiu. Como sempre, pensei que teria ido à cidade visitar seu irmão Duque, mas desta vez estava demorando demais para voltar. Nunca mais voltou. Sobre o ocorrido, eu só soube duas semanas depois.
Já velho, meio cego e surdo, quando voltava para casa, após mais uma visita, desta vez a última, ao irmão Duque, foi atropelado na estrada de terra batida pelo jipe dirigido pela professorinha da escola rural. Morreu e ficou inerte à beira da estrada que percorreu inúmeras vezes, indo e voltando, e lá ficou ao relento, sem ser sepultado, mas jamais esquecido por mim.
Quanto ao Duque, sua morte ocorreu dois meses após ter morrido o Barão, seu irmão gêmeo. Morreu igualmente acidentado, atropelado por um carro da seguinte maneira: Minha vó, e dona do Duque, passou mal e ficou de cama. Veio o médico no seu carro de luxo para dar-lhe assistência. Mediu pressão, auscultou seu coração, aplicou-lhe uma injeção, recomendou-lhe repouso e saiu. Saiu do quarto, passou pela cozinha, adentrou-se pela sala, meu avô o acompanhando foi com ele até o portão.
O Doutor entrou no carro e acionou o motor. Deu partida, acelerou e ouviu um grunhido, algo que se agitava, desligou o motor, foi ver o que era. Era o Duque, o cão de meus avós, sangrando e morto pelos pneus esmagado. Era a morte do Duque, que já velho, foi dormir debaixo do carro do doutor que viera livrar da morte sua dona, minha vó.
Disse o doutor ao meu avô:
- Sinto muito, mas não será bom dizer a ela isso que aconteceu, pois no estado que ela está, vai complicar mais ainda.
Meu avô disse:
- Eu dou um jeito. O Doutor não tem culpa, aconteceu porque tinha que acontecer.
Quando meu avô foi ao quarto, levando nas mãos trêmulas a xícara de café costumeira, minha vó estranhou que pela primeira vez o Duque não veio junto para lamber- lhe as mãos e ela acariciar suas orelhas.
- Cadê o Duque?
Meu avô já tinha a resposta na ponta da língua:
- O Duque amanheceu morto na soleira da porta da sala. Morreu de velhice, pois já tinha quase quatorze anos.
Segundo fiquei sabendo depois, minha vó chorou e não quis tomar o café e pediu para meu avô enterrar o Duque à sombra da goiabeira, onde ele costumava dormir a tarde toda.
Assim foi que dois irmãos gêmeos deixaram este mundo, ambos morrendo sob as rodas de um carro, para encontrar com a mãe que, depois de ter procriado muitos cachorros e cachorras, morreu cega e surda, após ser chifrada e pisoteada por um boi marrudo, que não sabia o que fazia, enquanto levava à morte a Negrinha, uma mãe valente.
Negrinha cachorra, mãe de filhos e filhas, que sendo cães e cadelas, foram mais do que gente.
Eu, testemunha disso tudo, apenas digo: A vida é tão curta, para tão grande ambição. Não vale a pena sobrepor-se e humilhar o irmão. Mais do que tudo, vale mais a vida de um Cão.
Como eu gostava de ouvir meu pai dizer que o Barão era um ano mais velho que eu e que era filho da Negrinha, uma cadelinha já velha que tinha dado a última cria, dois cachorrinhos machos. Um deles, era o Barão, meu amigo fiel, e o outro era o Duque, que ficou com o meu avô, proprietário do sítio e que morava a cem metros de nossa casa.
Mesmo sendo gêmeos, os dois cães não tinham a mesma cor, embora tivessem o mesmo tamanho. Barão era malhado com as cores mescladas de amarelo, preto e branco, listradas mais ou menos como a um tigre. Modéstia à parte, era dos dois o mais bonito. Já o Duque, era de uma cor só, sem nenhuma pinta. Nem branco, nem preto e nem amarelo. Tinha uma cor descolorida, muito bonita e para mim indefinida indiferente.
Naquele tempo eu via sua cor e nem me importava em saber qual era. Hoje, sábio e ensinado na escola da vida e depois de passar e reprovar em muitas provas, acho que posso defini-la com exatidão. A cor do Duque era bege claro. Só que ainda não entendo como uma mãezinha negra como a noite pudesse ter gerado dois gêmeos de cores tão díspares. Será que houve dois pais para uma mesma mãe? Ou o paizão cachorro que, aliás ninguém conheceu, exceto a mãezinha Negrinha, era um cão multicor? Talvez quem sabe Freud explique.
O fato é que quando eu tinha dois anos de idade e os irmãos gêmeos, Barão e Duque, tinham mais ou menos três, meu avô e minha avó e mais três filhos, meus tios, meio jovens e adolescentes, mudaram-se para a cidade situada a uns vinte quilômetros do sítio coberto de cafezais e que ficou por conta de meu pai, meeiro de seu pai, meu avô.
Para mim, pouco mudou, exceto pela falta dos avós e de meus tios e do Duque, que vivia para lá e para cá, sempre brincando com o Barão, seu irmão gêmeo. Claro, que como todo cachorro, não só brincavam, como também brigavam. Assisti a várias brigas dos dois irmãos e o que pude observar, os dois tanto batiam como apanhavam. No fim, voltavam a ser amigos e irmãos inseparáveis.
O mais curioso, entretanto, é que após a mudança de meus avós para a cidade, localizada a uns vinte quilômetros do sítio onde fiquei eu e meus pais e o fiel Barão, os dois irmãos gêmeos e cachorros amigos, não se esqueceram um do outro, tanto que se visitavam frequentemente.
Quantas vezes vi o Duque chegar abanando o rabo e cheirando cada canto da casa velha onde morou, levantando uma das pernas e mijando nos cantos, até chegar em minha casa e pular de alegria, abraçando todos nós, meus pais, a mim e meus irmãos e minhas irmãs. Claro, que já acompanhado do irmão gêmeo, o Barão roceiro, numa arruaceira danada.
Só que o inverso também acontecia com a mesma frequência, porquanto meu Barão também desaparecia de vez em quando e a gente sabia para onde ele ia. Quantas vezes ouvi meu avô e minha avó contar que o Barão chegava na casa deles na cidade e fazia a maior festa, entrava na sala, na cozinha nos quartos, balançando o rabo e pulando e se retorcendo, sempre acompanhado pelo Duque que nunca o deixava e o atracava e o lambia dando grunhidos e latindo. Era uma festa na cozinha e na sala que se estendia para o quintal, os dois se lambendo, se mordendo, se atracando, caindo e rolando na maior alegria.
Pois bem, como tudo o que é bom se acaba e o bem pouco dura, um dia meu avô faleceu. Alguns anos depois, minha avó também desfaleceu. Mas muitos anos antes, os dois cachorros, irmãos gêmeos, que faziam parte da família, já haviam morrido.
Vou contar com detalhes a morte desses dos cães com os quais convivi e que me conheceram, me lamberam, me abraçaram e um do outro teve ciúmes de mim, por isso brigaram e a rixa terminou quando os dois se separaram na mudança dos meus avós para a cidade.
O Duque se foi com meus avós e tios no caminhão de mudança. O Barão ficou comigo e meus pais, sentado sob as patas traseiras e olhando triste até o caminhão da mudança sumir naquela estrada de terra poeirenta. Depois voltou-se para mim e me abraçou e me derrubou, fazendo a maior festa, como se nada tivesse acontecido.
Hoje, depois de tanto estudar e aprender, descobri que o cachorro gostaria de ser gente, tanto que ele sabe que seu dono é gente, mas como ele ama muito o seu dono, chega ao ponto de se identificar com ele, se achando que também é gente. E como eu gostaria de ser cachorro!
Bem, agora vou contar como foi a morte dos dois irmãos gêmeos, Barão e Duque. Os dois cães, Barão e Duque, nasceram no mesmo dia, mais ou menos um ano antes de eu vir ao mundo. Como já disse, a mãe deles era a Negrinha, uma cadela já velha e que procriou pela última vez.
Antes de contar a morte de Barão e Duque, acho que devo descrever o passamento da mãe desses dois heróis de minha vida, ou seja, da cadela Negrinha, até aqui quase esquecida. Será por ter sido uma cachorra preta?
Nada eu sabia dessas coisas de racismos, era ainda uma criança e só sei que após darmos comida para a Negrinha, ela comia, muito pouco aliás, e saía, como de costume, para dar sua voltinha ao redor da casa, às vezes indo um pouco mais longe, mas sempre voltava para deitar na soleira da porta.
Como ela já estava surda e quase cega, por causa da idade, numa tarde desviou-se do caminho e se adentrou no curral e foi atacada por um boi que a chifrou, jogando-a por cima da cerca. Ela caiu do outro lado desmaiada e nós corremos e a socorremos, levando-a para nossa casa. Cuidamos dela.
Seu estado foi só piorando. Passou a noite toda agonizando e morreu ao amanhecer de um novo dia. Ainda bem que os gêmeos, Barão e Duque, não tomaram conhecimento da morte da mãe Negrinha. Um porque estava longe e outro por estar a caminho para visitar o amigo irmão.
No mundo dos humanos, porém, a morte é cerimoniosa, sepultura suntuosa, lamentos, preces, choros, flores e, por fim, o esquecimento. Meu cachorro Barão voltou, e pelo que percebi não sentiu a falta de sua mãe Negrinha. Continuou sua vida farejando aqui e dali, vez em quando recebendo a visita do irmão Duque, outras vezes o visitando, assim o tempo passava de vento em popa.
Depois de alguns anos passados, eu já tinha doze anos de idade, de repente o Barão sumiu. Como sempre, pensei que teria ido à cidade visitar seu irmão Duque, mas desta vez estava demorando demais para voltar. Nunca mais voltou. Sobre o ocorrido, eu só soube duas semanas depois.
Já velho, meio cego e surdo, quando voltava para casa, após mais uma visita, desta vez a última, ao irmão Duque, foi atropelado na estrada de terra batida pelo jipe dirigido pela professorinha da escola rural. Morreu e ficou inerte à beira da estrada que percorreu inúmeras vezes, indo e voltando, e lá ficou ao relento, sem ser sepultado, mas jamais esquecido por mim.
Quanto ao Duque, sua morte ocorreu dois meses após ter morrido o Barão, seu irmão gêmeo. Morreu igualmente acidentado, atropelado por um carro da seguinte maneira: Minha vó, e dona do Duque, passou mal e ficou de cama. Veio o médico no seu carro de luxo para dar-lhe assistência. Mediu pressão, auscultou seu coração, aplicou-lhe uma injeção, recomendou-lhe repouso e saiu. Saiu do quarto, passou pela cozinha, adentrou-se pela sala, meu avô o acompanhando foi com ele até o portão.
O Doutor entrou no carro e acionou o motor. Deu partida, acelerou e ouviu um grunhido, algo que se agitava, desligou o motor, foi ver o que era. Era o Duque, o cão de meus avós, sangrando e morto pelos pneus esmagado. Era a morte do Duque, que já velho, foi dormir debaixo do carro do doutor que viera livrar da morte sua dona, minha vó.
Disse o doutor ao meu avô:
- Sinto muito, mas não será bom dizer a ela isso que aconteceu, pois no estado que ela está, vai complicar mais ainda.
Meu avô disse:
- Eu dou um jeito. O Doutor não tem culpa, aconteceu porque tinha que acontecer.
Quando meu avô foi ao quarto, levando nas mãos trêmulas a xícara de café costumeira, minha vó estranhou que pela primeira vez o Duque não veio junto para lamber- lhe as mãos e ela acariciar suas orelhas.
- Cadê o Duque?
Meu avô já tinha a resposta na ponta da língua:
- O Duque amanheceu morto na soleira da porta da sala. Morreu de velhice, pois já tinha quase quatorze anos.
Segundo fiquei sabendo depois, minha vó chorou e não quis tomar o café e pediu para meu avô enterrar o Duque à sombra da goiabeira, onde ele costumava dormir a tarde toda.
Assim foi que dois irmãos gêmeos deixaram este mundo, ambos morrendo sob as rodas de um carro, para encontrar com a mãe que, depois de ter procriado muitos cachorros e cachorras, morreu cega e surda, após ser chifrada e pisoteada por um boi marrudo, que não sabia o que fazia, enquanto levava à morte a Negrinha, uma mãe valente.
Negrinha cachorra, mãe de filhos e filhas, que sendo cães e cadelas, foram mais do que gente.
Eu, testemunha disso tudo, apenas digo: A vida é tão curta, para tão grande ambição. Não vale a pena sobrepor-se e humilhar o irmão. Mais do que tudo, vale mais a vida de um Cão.