MENTE DOENTIA
Natacha e Samir conheceram-se na década de 60 em uma festa de calouros. Ela, extrovertida e alegre; ele, tímido e inseguro. Um mês depois, começaram a namorar. Tudo transcorria bem até Natacha conhecer a família de Samir. Para a ocasião, ela caprichou no visual. Maquiou-se com cuidado e comprou um micro vestido azul-turquesa. A mãe do rapaz ao vê-la, falou:
– Moça decente não se veste assim.
O almoço transcorreu em silêncio.
Dois anos depois, os jovens casaram-se. Para alegria da sogra, a nora não teve filhos. Sua profissão, obstetra, ocupava-lhe boa parte do tempo. O marido, advogado, por sua vez, preenchia as horas livres com a mãe, Dona Eleonora, que afirmava estar doente.
Essa exercia sobre o filho forte sentimento de posse. Com o tempo, passou a exigir que Samir, antes de tomar qualquer decisão, fosse sobre o trabalho ou pessoal, compartilhasse com ela, a fim de aprovar ou não. Dona Eleonora o envolvia de tal forma que, aos pouco, foi se afastando da esposa.
Natacha, decepcionada com o marido, pediu-lhe o divórcio, o que deixou a sogra irritada.
– Filho meu não vai ser abandonado pela mulher. Isso não ficará assim.
Numa madrugada, Natacha, ao sair do hospital, foi assaltada. Segundo testemunhas, embora a jovem não tenha reagido, um dos caras atirou-lhe no peito.