UM AMIGO E UMA HISTÓRIA TRISTE (CONTINUAÇÃO)

CONTO.

Por Honorato Ribeiro.

Teve duas filhas e vivia em harmonia e feliz. Tempos depois eu recebi uma triste notícia que ele tinha adoecido de mal de parkinson. Temos depois ele foi hospitalizado: pressão alta e ficou paralisado dum lado. Não pode mais tocar o seu mavioso instrumento: a clarinete. Com medo de não ver mais os amigos, veio novamente nos visitar. Foi ao seu encontro. A alegria foi enorme, mais, junto dela, a tristeza feriu o meu coração, pois o meu amigo tinha dificuldade em falar e caminhava puxando de uma perna e um braço sem movimento. Mas no seu rosto, via-se a grande alegria que sentia ao ver os amigos, principalmente eu, que o considerava como irmão. Ele ficou uns dias e foi embora. Passados tempos eu o telefonei, mas quem recebeu a chamada do telefone foi a sua esposa e me disse que ele estava surdo e falava com dificuldade. Eu falava para ele e ela falando alto junto dele o recado que eu lhe mandava. Eu fiquei triste e orava para a saúde dele. Além de toda essa vida na cadeira de rodas ficou completamente surdo. Mas que fazer! A vida é assim e não temos o que queixar.

Dia triste para mim, quando o seu cunhado chegou aqui e me contou uma história muito chocante e desumana. Contou-me que ele tinha passada a casa em nome da filha caçula. Ela se casou com um engenheiro e, combinado com a mãe dela e a outra irmã, colocaram meu amigo num abrigo de velhos. As quatro paredes não serviam para ele mais. Ficou abandonado e nenhuma ia visitá-lo. Ficou esquecido da família e daqueles que conviveram com ele em tempo do sucesso e saúde. Somente o cunhado quem o visitava; e escondido levava para ele as coisas que ele gostava de comer. Todas às vezes que o cunhado chegava para o visitar, ele chorava como criança. Ao me contar essa triste história do meu amigo Joselito, eu não suportei e chorei da desumanidade que fizeram com ele. Não merecia, pois ele em sua saúde fazia tudo para a família e só vivia para ela. Tempos passaram e recebi a triste notícia que ele tinha falecido. Eu me conformei, pois, a sua partida para a eternidade foi um grande descanso e uma grande vitória de ser pessoa que sempre fizera o bem durante toda a sua jornada. Lembrei-me da História do pobre Jó que nos conta a Bíblia. Por isso eu o considero santo na glória de Deus.

Esta minha história é real, porém o nome do meu amigo, o protagonista desta história, é fictício, mas quem o conheceu sabe de quem eu estou falando. Todos daqui o conheceram, porém não souberam como foi tão triste a sua vida, quando ficou doente e abandonado pelas filhas e esposa. Acabou morrendo sozinho num asilo de velhos como pessoa indigente. Triste ouvir essa minha história, mas verdadeira, embora seja exemplo para muitos. Nesse mundo desumano há muitos Joselitos que sofrem essa falta de amor. Como foi a vida toda do meu amigo que tivera dado tanto amor àqueles que o desprezaram. Lembrei-me, também da poesia de Carlos Drummond: “E agora José?”

(Esta história que contei poderá parecer com outra, mas será pura coincidência).

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 22/05/2015
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