Uma História Curta Pra Variar = Histórias de Amor Safado
Certa vez, passando apresssado pela avenida Paulista, a pé, vi de relance uma pintura imensa que chamou minha atenção. Voltei à vitrine e vi que era uma obra de Manabu Mabe. Maravilhosa. Grandiosa. Fabulosa. Espetacular. Fiquei fascinado e acho que naquele momento passei a ver com outros olhos a arte abstrata.
Algum tempo depois passava a pé por uma das ruas do centro de Santos quando vi de relance uma morena arrumando uma vitrine. Estanquei meus passos de repente e encarei-a. Maravilhosa. Grandiosa. Fabulosa. Espetacular. Fiquei fascinado e acho que naquele momento continuei a ver com os mesmos olhos de sempre a Morena Concreta. Nada a ver com a arte abstrata.
Tive vontade de invadir a loja, a vitrine, chegar perto dela e sussurrar em uma de suas lindas orelhinhas:
- “Você não existe, na certa sonhei quando inventei você…”
Ela me olhou e sorriu. Eu a olhei com os olhos arregalados e não consegui sorrir. Nem ao menos sorrir.
Ela me deu as costas, desanimada.
Entrei na loja animado:
- Posso te dar um beliscão?
- Devagarzinho, sem doer, pode. Porquê?
- Quero saber se estamos acordados ou se apenas sonhei com você.
Ela sorriu de novo e senti meu corpo se desmanchando de amor.
- Como se chama o seu nome? Quero dizer, como você se chama?
- Eu não me chamo. Os outros é que me chamam.
- Não me diga seu nome. Aposto que acerto seu nome de cara.
- Essa eu quero ver…
- Morena, linda, sensual, deliciosa…de se olhar, você só pode ter um nome.
- Qual seria ele?
- Francine.
Ela me olhou espantada:
- Você está brincando comigo!! Aposto que perguntou pra alguém antes de vir falar comigo…
- Juro por Deus que não. Não mesmo.
- Então como é que pode ter acertado meu nome tão em cima?
- Foi fácil. Li no seu crachá.
Rimos muito, e naquela mesma noite eu a levei para o motel de minha preferência.
Sempre acreditei que fazer uma mulher rir muito já é um bom
o caminho andado pra cama.
Pode ser que eu esteja enganado.