Sensações (Airbus)
Ando de um lado para outro, sons me torturam.
Chove lá fora, fogo, gritos, sangue e tristeza.
Por instantes tudo pára, fico leve e flutuo, cada vez mais alto.
Olho pra baixo e vejo meu corpo, olho pra cima e continuo subindo.
A curiosidade me assusta, mas o que ficou, também.
Estou subindo e descendo, sinto suaves gotas d'água, límpidas e reluzentes.
Não paro de subir, a sensação é agradável, não sinto falta de nada, nem do ar. O azul celeste é predominante, paro.
A emoção me domina, é lindo, magnifico, é doce.
Vou de um lado para outro, entendi.
Volto ligeiro, ultrapasso as suaves gostas d'água, antes delas chegarem ao orvalho.
Me encontro como me deixei, e tudo prossegue.
Meus olhos parecem refletir o azul daquele lugar.
Meu corpo absorve toda a energia, meus pulmões se enchem de ar, e disparo em direção a ele.
Ao entrar meu domínio é total, a disposição dos controles se dispõem a mim.
Paro, me preparo, miro o horizonte e ao acionar, mergulho dentro dele.
O solo a distancia, o zero absoluto se aproxima, a inércia briga com o ar e eu assisto.
Conquisto o horizonte, a latitude e a longitude.
A chuva ainda cai, os gritos ecoam, o sangue jorra e a tristeza persiste.
A briga é decisiva, mergulho nas nuvens e as trevas me envolvem.
Enfrento e vou subindo gradativamente, e continuo subindo.
O som está mudando, as trevas estão morrendo, sinto que estou conseguindo, é lindo.
Minha mão num último esforço o traz de encontro ao peito, fazendo com ele saia acima das nuvens, de encontro ao sol.
É magnifico, me aqueço em seus raios, me derreto em sua presença.
Nivelo, ganho horizonte, o azul é predominante, tudo aqui é maravilhoso e doce.