Sensações (Airbus)

Ando de um lado para outro, sons me torturam.

Chove lá fora, fogo, gritos, sangue e tristeza.

Por instantes tudo pára, fico leve e flutuo, cada vez mais alto.

Olho pra baixo e vejo meu corpo, olho pra cima e continuo subindo.

A curiosidade me assusta, mas o que ficou, também.

Estou subindo e descendo, sinto suaves gotas d'água, límpidas e reluzentes.

Não paro de subir, a sensação é agradável, não sinto falta de nada, nem do ar. O azul celeste é predominante, paro.

A emoção me domina, é lindo, magnifico, é doce.

Vou de um lado para outro, entendi.

Volto ligeiro, ultrapasso as suaves gostas d'água, antes delas chegarem ao orvalho.

Me encontro como me deixei, e tudo prossegue.

Meus olhos parecem refletir o azul daquele lugar.

Meu corpo absorve toda a energia, meus pulmões se enchem de ar, e disparo em direção a ele.

Ao entrar meu domínio é total, a disposição dos controles se dispõem a mim.

Paro, me preparo, miro o horizonte e ao acionar, mergulho dentro dele.

O solo a distancia, o zero absoluto se aproxima, a inércia briga com o ar e eu assisto.

Conquisto o horizonte, a latitude e a longitude.

A chuva ainda cai, os gritos ecoam, o sangue jorra e a tristeza persiste.

A briga é decisiva, mergulho nas nuvens e as trevas me envolvem.

Enfrento e vou subindo gradativamente, e continuo subindo.

O som está mudando, as trevas estão morrendo, sinto que estou conseguindo, é lindo.

Minha mão num último esforço o traz de encontro ao peito, fazendo com ele saia acima das nuvens, de encontro ao sol.

É magnifico, me aqueço em seus raios, me derreto em sua presença.

Nivelo, ganho horizonte, o azul é predominante, tudo aqui é maravilhoso e doce.

Alberto Silveira
Enviado por Alberto Silveira em 09/05/2015
Reeditado em 15/12/2017
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