Apresentação das Histórias de Amor Safado

As HISTÓRIAS DE AMOR SAFADO são as reminiscências de um homem vivido, beirando os sessenta anos, que aos treze anos conheceu o sexo, a partir dos vinte um pouco da arte da sedução, e só aos trinta e seis, depois de dois casamentos, conheceu o Amor Verdadeiro. Aquele Amor que justifica uma existência. Que alegra, colore, realiza e anima a vida. Aquele Amor que torna a pessoa amada o eixo-central de nosso mundo e o apoio maior da vida da gente.

Ciente de que reunir as duas palavras, Amor e Safado, em uma só frase é cometer uma verdadeira heresia, uso-as, no entanto, como um eufemismo para a safadeza pura. A safadeza do sexo pelo sexo, sem qualquer sentimento mais profundo que a simpatia aliada ao desejo sexual, ou a obsessão da quantidade em detrimento da qualidade. Ou, o mais certo, o puro prazer da caçada ao sexo oposto.

Lembro-me ainda da expressão de meu tempo: “Custou, mas abati a lebre..”

Aos que, jovens ainda, pensarem em julgar-me, lembro que os tempos mudaram, que os costumes são outros, que as mulheres já não são as mesmas, e que todas minhas histórias se passaram em uma época muito diferente. Em uma época que as mulheres ainda estavam aprendendo a lutar por seus direitos, começavam a brigar mais acirrada e valentemente pela igualdade dos sexos, ocupavam ainda discretamente os lugares que antes eram reservados apenas aos homens, e ficavam mal faladas por motivos que hoje seriam risíveis.

Nos tempos de minhas histórias as mulheres não usavam certos palavrões que hoje em dia usam até como vírgulas em suas frases, não dormiam na casa dos namorados e não tomavam o café da manhã com os pais deles ao acordar, não existia a palavra tesão para simplificar as coisas, não se dizia bunda perto de qualquer pessoa, não existiam motéis com a palavra motel escrita na fachada (havia hotéis com um agá escrito de forma dúbia, a parecer, ao mesmo tempo, que era um eme.), os “drive-in” quebravam um galho mas não ofereciam conforto (ainda mais para quem tinha um fusquinha…).

Celulares, internet, salas de bate-papo, MSN, rastreadores de veículos, camisinha musical, fotos digitais, ipod, e-mail, sites de sacanagem, skipe grátis, net-fone, scanner, computador pessoal e portátil, falar em segundos com uma pessoa na Rússia, eram coisas que a gente não podia sequer imaginar que veria um dia. Seriam, quando muito, produtos da imaginação de um Isaac Asimov.

O ano 2000, tão esperado, parecia tão distante quanto o Juízo Final.

Era, enfim, uma época em que muita gente não comprava tevê a cores, recém-lançada, “porquê fazia mal à saúde”, mas assim que a saúde financeira melhorava, corria e comprava uma. São daqueles tempos, até meados dos anos oitenta, as minhas Histórias de Amor Safado. Bem antes do advento da AIDS, portanto.

Tomara que alguém goste de algumas delas.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 12/06/2007
Código do texto: T523221
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