Conto premiado no II Concurso Literário da Festa Nacional da Maçã (Femaçã 2015)
Tema: “Belezas que marcam”
Colocação: Menção honrosa
Veranópolis – Rio Grande do Sul
Tema: “Belezas que marcam”
Colocação: Menção honrosa
Veranópolis – Rio Grande do Sul
Uma noite em veraneio
Anoiteço. O táxi me esperava na porta. As malas já estavam prontas desde a véspera. Tomo café com pressa. Visto-me como se estivesse indo para um mundo distante. Cumprimento o taxista que me leva até o aeroporto. Subo na máquina flutuante do ar rumo ao sul. As escalas não me interessam, somente o destino. Avisto a serra gaúcha que deslumbra meus olhos. Pouso macio no aeroclube quase septuagenário. Ali me rendo e inicio o meu sonho veraneio pela “Princesa dos Vales”.
O arco, que me chama de amigo, deseja-me boas vindas. Sigo o caminho, apreciando a arquitetura que me transporta para a Europa. Rejuvenesço para me entregar àquela vida que me promete longevidade. Petrifico-me monumentalmente ante ao Pórtico de Entrada, onde gerações da família imigrante italiana oferecem-me uma maçã. Saboreio toda a Floresta Encantada para qual me voo em tirolesa. Em cima do pedalinho, pelo bosque de mata nativa não fujo dos silvestres animais. Jogo com eles uma lúdica partida de futsal.
Corro todo o espeto em Dona Cândida. Alimento meu corpo com o sabor da carne. Um sauvignon me degusta todo o gosto de uva que levo nos lábios. Seguindo o meu tour singular e somente meu, a Vila Bernardi me recebe com braços poéticos. E, ali, troco correspondências em formas de poemas imigrantistas com Mansueto. Suas letras me carregam ao Globo, o qual eu circulo, saudando o Veríssimo e o Quintana de minha terra convalescente. Lembro-me, então, do Incidente mágico de 1971 e vou escorregando-me sobre a Ponte Ernesto Dornelles só para apreciar as Antas daquele rio que lembra Antares. Da vista do Rio subo ao Espigão do Belvedere para, em seguida, me recuar na história na Gruta Selvagem. Vislumbro, então, Paco Sanches com seu mosquetão em batalha com os caingangues. Não tive medo, mesmo assim, sorrateiramente, disparei-me dali buscando Retiro num Balneário. Banhei-me longamente com água e verde.
No Mirante da Serra, sinto-me em Toronto, girando-me panoramicamente entre vinhos e pizzas. Da torre inunda meus olhos a paisagem noturna da cidade que vai aos poucos me amanhecendo na Pousada dos Três Monges. Deste pouso, contemplo o Parque que me convida ao véu da cascata, cuja água retilínea que cai se dividindo em três feixes entre as pedras do paredão me abençoa, turista do sertão. Lanço-me no verde do vale para sentir o espetáculo da vida natureza que me atiça. Quanta beleza em uma só visita.
Com o estímulo dos monges, persigno-me em São Luiz Gonzaga. Contemplando os arcos ogivais e a rosácea, confesso-me gótico àquelas duas torres. Faço a promessa de que, quando acordar definitivamente da vida, ali terei, verdadeiramente de corpo e alma, sagrando-me à Virgem. E, para firmar tal compromisso, termino minha reza na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Numa imposição paisagística do templo, minha oração: Je vous salue, Marie, pleine de grâces, le Seigneur est avec vous... Amen.
Amanheço. Três feixes de luz penetram pela janela indo ao meu lençol branco. Levanto da cama e piso no assoalho verde de minha casa. Diante do pequeno oratório de Lourdes, faço minha oração matinal: Ave Maria, cheia de graças, o senhor é convosco... Amém. Da janela do quarto contemplo o Morro Dois Irmãos e a “Princesa do Norte” que está despertando. Sobre a mesa do café, o suco de coquinho e o pão de queijo.
Toda contente, minha esposa, que acabara de acordar, vem até mim com este presságio: “amor, tive um sonho lindo, sonhei que estava em Veranópolis e conheci o Balneário do Retiro, a Gruta Selvagem, o Parque dos Três Monges...” e foi me descrevendo todas as belezas que lhe sonharam.
Vou à biblioteca e volto com o seu livro preferido, Grande Sertão: veredas. Entrego-a. Peço que o abra na página 15. Ela vê uns papéis. Sorrindo, os lê. São as passagens de nossa próxima viagem. Destino: Veranópolis.
O arco, que me chama de amigo, deseja-me boas vindas. Sigo o caminho, apreciando a arquitetura que me transporta para a Europa. Rejuvenesço para me entregar àquela vida que me promete longevidade. Petrifico-me monumentalmente ante ao Pórtico de Entrada, onde gerações da família imigrante italiana oferecem-me uma maçã. Saboreio toda a Floresta Encantada para qual me voo em tirolesa. Em cima do pedalinho, pelo bosque de mata nativa não fujo dos silvestres animais. Jogo com eles uma lúdica partida de futsal.
Corro todo o espeto em Dona Cândida. Alimento meu corpo com o sabor da carne. Um sauvignon me degusta todo o gosto de uva que levo nos lábios. Seguindo o meu tour singular e somente meu, a Vila Bernardi me recebe com braços poéticos. E, ali, troco correspondências em formas de poemas imigrantistas com Mansueto. Suas letras me carregam ao Globo, o qual eu circulo, saudando o Veríssimo e o Quintana de minha terra convalescente. Lembro-me, então, do Incidente mágico de 1971 e vou escorregando-me sobre a Ponte Ernesto Dornelles só para apreciar as Antas daquele rio que lembra Antares. Da vista do Rio subo ao Espigão do Belvedere para, em seguida, me recuar na história na Gruta Selvagem. Vislumbro, então, Paco Sanches com seu mosquetão em batalha com os caingangues. Não tive medo, mesmo assim, sorrateiramente, disparei-me dali buscando Retiro num Balneário. Banhei-me longamente com água e verde.
No Mirante da Serra, sinto-me em Toronto, girando-me panoramicamente entre vinhos e pizzas. Da torre inunda meus olhos a paisagem noturna da cidade que vai aos poucos me amanhecendo na Pousada dos Três Monges. Deste pouso, contemplo o Parque que me convida ao véu da cascata, cuja água retilínea que cai se dividindo em três feixes entre as pedras do paredão me abençoa, turista do sertão. Lanço-me no verde do vale para sentir o espetáculo da vida natureza que me atiça. Quanta beleza em uma só visita.
Com o estímulo dos monges, persigno-me em São Luiz Gonzaga. Contemplando os arcos ogivais e a rosácea, confesso-me gótico àquelas duas torres. Faço a promessa de que, quando acordar definitivamente da vida, ali terei, verdadeiramente de corpo e alma, sagrando-me à Virgem. E, para firmar tal compromisso, termino minha reza na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Numa imposição paisagística do templo, minha oração: Je vous salue, Marie, pleine de grâces, le Seigneur est avec vous... Amen.
Amanheço. Três feixes de luz penetram pela janela indo ao meu lençol branco. Levanto da cama e piso no assoalho verde de minha casa. Diante do pequeno oratório de Lourdes, faço minha oração matinal: Ave Maria, cheia de graças, o senhor é convosco... Amém. Da janela do quarto contemplo o Morro Dois Irmãos e a “Princesa do Norte” que está despertando. Sobre a mesa do café, o suco de coquinho e o pão de queijo.
Toda contente, minha esposa, que acabara de acordar, vem até mim com este presságio: “amor, tive um sonho lindo, sonhei que estava em Veranópolis e conheci o Balneário do Retiro, a Gruta Selvagem, o Parque dos Três Monges...” e foi me descrevendo todas as belezas que lhe sonharam.
Vou à biblioteca e volto com o seu livro preferido, Grande Sertão: veredas. Entrego-a. Peço que o abra na página 15. Ela vê uns papéis. Sorrindo, os lê. São as passagens de nossa próxima viagem. Destino: Veranópolis.