Suplicio de uma criança
01/12/05
Suplicio de uma criança
Uma professora de 1ª série do 1º grau pediu aos alunos que escrevessem uma história.
Os temas eram facultativos, isto é, à escolha dos alunos. Ela não interferiria na escolha de cada um. O objetivo maior era que cada aluno escolhesse o assunto que o tivesse chamado a atenção de alguma maneira. Sendo assim, Agostinho, aluno de sete anos, escreveu uma tragédia familiar. Leiam o quê ele registrou:
“Tinha seis anos e presenciei uma briga horrível entre meu pai e minha mãe. Eles batiam um no outro e gritavam um com o outro e eu ouvia muitas palavras que eles me ensinavam a não dizer.
A discussão terminou com o meu pai atirando por acidente ou não em minha mãe à queima-roupa. Logo depois do assassinato de minha mãe, ele a enterrou no quintal da nossa casa. Acho que, além de estar desesperado e inconsolado, estava com muito medo. Não entendia bem, mas ele gritava: “Meu Deus, o que foi que eu fiz?” Parecia estar muito arrependido também.
Diariamente, ele visitava o lugar em que enterrara minha mãe, o quintal lá de casa, esperando, acho, que ela acordasse do sono profundo ou encantado e desse o bom dia costumeiro para a gente. Mas nada disso acontecia. Ela continuava lá, debaixo na terra, no quintal em que tanto cuidara antes, plantando flores, aguando as plantas e admirando o sol e a lua.”
A professora leu este relato e ficou confusa. Não estava acreditando no quê aquela pobre criança tinha escrito, e ainda mais com tamanha precisão a história.
Passou dias pensando naquilo. A primeira pessoa que avistava na sala de aula era Agostinho, tanto que a história dele a tinha marcado.
Pela primeira vez, em todos esses anos letivos, observou que Agostinho era uma criança tímida, frágil, amedrontada e insociável. Não tinha amigos e não se aproximava de quem quer que seja, principalmente de pai de algum estudante.
Investigou e descobriu que era tudo verdade. Denunciou o pai do estudante que foi preso. A criança, seu aluno, foi para o orfanato a espera de uma família que o adotasse, pois não tinha mais avós, nem tios. A espera por alguém que lhe desse muito amor, sentimento este que ele só tinha conhecido com sua mãe, continuava. Diariamente, a professora visitava-o.
Nesse tempo, foi surgindo um amor de mãe e filho entre eles. Ninguém apareceu para adotá-lo, porque Deus já tinha um lindo plano para a sua vida, acreditava eu.
E não ficou muito tempo sozinho. A sua querida, solidária e afetuosa professora adotou-o, e foram felizes para sempre: mãe e filho. Ela o ensinou a perdoar e assim o garoto o fez por seu pai e por si. Percebeu que ele era um homem doente, rancoroso e carente de afeto. Desde então, passou a visitá-lo diariamente na prisão e a dar-lhe amor. ADRIANA QUEZADO
Concurso Cultural LiteRata- Um Conto Para Chorar
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Câncer Viúvo Poesias 31/03/15 1120
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