Queixando-se o Bispo...
Estava indignado o João Bispo. Onde já se vira tamanha patifaria? Lera, ouvira ou aprendera em aula que grandes laboratórios, que concentram a produção de quase tudo que nos é útil, e também inútil, haviam colocado em prática uma forma de faturar mais com seus produtos, no caso específico, o tubo da pasta de dente. Ou o dentifrício, pra falar um pouco mais difícil.
E era simples a traquinagem: pra aumentar o consumo, por onde a pasta saía, passaram a fazer um biquinho mais largo. Coisa de milímetros mas que tinha um impacto grande no consumo - e nos lucros.
E o João, já sendo Bispo de homenagem a um religioso, não precisava de ir um Prelado para se queixar. Foi ao jornal, e meteu o pau. Escreveu um artigo contundente. E a repercussão foi excelente. Colegas, amigos, familiares todos aplaudiam aquele paladino da decência, dos bons costumes e dos direitos dos aflictorum.
Não se pode aferir até que ponto teriam ficado sensibilizados os Gessys e Levers da vida. O certo é que não reduziram e muito menos taparam o buraco. Queriam é ver mais e mais sorrisos Colgate, ainda que Kolynos fossem.
E fui rever o combativo João um par de anos depois. Casara-se, estabelecera-se e até encorpara. E dono de uma farmácia se tornara. Recomendou-me uma boa pasta para a saúde das gengivas.
Sensodyne? Que remédio?