DA ESCOLA À CASA

Sol quente,

Estômago nas costas,

Hora avançada,

Caminhada longa para um menino fazer.

Todos os dias a mesma caminhada,

O mesmo calor, a mesma estrada,

A mesma poeira, as mesmas curvas,

Os mesmos morros, as mesmas pedras...

Quichute preto nos pés sem meia,

Bermuda amassada das brincadeiras na escola,

Camiseta meio molhada de suor, devido à caminhada.

Boné com a iapa para traz, um jeito de menino arteiro.

Na mente, a imagem do mexidinho que o espera em casa,

Já deve ser meio dia, devido à sombra que está bem vertical.

Até as sombras das árvores que refrescam partes do caminho,

Estão pequenas, fracas, quase não refresca o menino cansado.

A bolsa da escola meio pesada.

Que vontade de jogá-la fora!

Já passou o morro da igrejinha, a mininha do Otávio,

O bueiro do seu Afonso, a baixada do seu Braz!

Mas ainda falta a descida do Vídio,

A terra preta, o morrinho das pedras!

A água do armazém, a vargem do seu Geraldo e enfim, que beleza, a casa do menino estudante.

Ah que fome!

Comer depressa, pois a fome exige.

A mamãe perguntando: - como foi a aula?

O menino perguntando: - onde o papai está trabalhando?

Barriga cheia, tarefas dadas pela mamãe uma a uma com detalhes.

E depois só brincar debaixo do pé de cidreira.

Tarefas escolares só à noite, à luz da lamparina.

Com a presença do papai cansado do trabalho árduo do dia.

É isso aí!

Acácio Nunes.

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 30/03/2015
Código do texto: T5189090
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