DA ESCOLA À CASA
Sol quente,
Estômago nas costas,
Hora avançada,
Caminhada longa para um menino fazer.
Todos os dias a mesma caminhada,
O mesmo calor, a mesma estrada,
A mesma poeira, as mesmas curvas,
Os mesmos morros, as mesmas pedras...
Quichute preto nos pés sem meia,
Bermuda amassada das brincadeiras na escola,
Camiseta meio molhada de suor, devido à caminhada.
Boné com a iapa para traz, um jeito de menino arteiro.
Na mente, a imagem do mexidinho que o espera em casa,
Já deve ser meio dia, devido à sombra que está bem vertical.
Até as sombras das árvores que refrescam partes do caminho,
Estão pequenas, fracas, quase não refresca o menino cansado.
A bolsa da escola meio pesada.
Que vontade de jogá-la fora!
Já passou o morro da igrejinha, a mininha do Otávio,
O bueiro do seu Afonso, a baixada do seu Braz!
Mas ainda falta a descida do Vídio,
A terra preta, o morrinho das pedras!
A água do armazém, a vargem do seu Geraldo e enfim, que beleza, a casa do menino estudante.
Ah que fome!
Comer depressa, pois a fome exige.
A mamãe perguntando: - como foi a aula?
O menino perguntando: - onde o papai está trabalhando?
Barriga cheia, tarefas dadas pela mamãe uma a uma com detalhes.
E depois só brincar debaixo do pé de cidreira.
Tarefas escolares só à noite, à luz da lamparina.
Com a presença do papai cansado do trabalho árduo do dia.
É isso aí!
Acácio Nunes.