Despedidas
Por trás das nuvens cinza que pareciam encostar-se ao chão, um céu azul claro pálido quase apagado, me parecia triste, por não ter mais as cores que o alegrara em outrora.
Atrás de mim árvores cada vez menores, ao longo das curvas sinuosas esquecidas por meus pés. Ao lado, como quem não quer se esconder, marcas são deixadas, rastros de luz cada vez menores filtrados por uma longa costela de nuvens, nessa triste despedida o sol se vai.
Agora descendo escadas, passos lentos me distanciam do que os meus olhos querem ver, ao longo do espiral, plantas dispersas, pegadas vestidas em sons ecoados ao longo de um corredor frio e vazio, se perdem ao passo que um gélido vento cortante me toca ao cruzar o rangido de um portal.
A lua parcialmente coberta por contínuas rajadas de nuvens espalhadas, fragmentos iluminados por ela jogados ao léu estampam o escuro de um céu solitário. Na sacada a esperança de te ver se vai, inconformada, triste em ter que partir.
Cabisbaixo caminhando com a cabeça distante de meus pés, mais pensativo do que nunca, me perco ao longo de um pequeno trecho deserto. Alertado por listras na calçada me lembro de onde moro.
O peso de minha cabeça no travesseiro já o deforma há horas, olhos inertes me levam perto da certeza de que nada se vai completamente, e o epitáfio de que o sol se vai com o proposito de refletir sobre nossas almas e regressar, e mesmo com as paredes se mexendo em meio a delírios de insônia, quando fecho os olhos, sempre o que vejo me trazendo conforto é os seus.