A Divina Paródia

Milton Pires.

Um dia, quando muito tempo já havia passado desde que tinham sido vistos os tanques e mais tarde os caras pintadas, numa época em que esquecidos já eram todos aqueles anos que me permitiam dizer ter vivido a metade da minha vida, eu me encontrava perdido numa selva escura. Tão escura era a selva que nem mesmo a luz da esperança que cada cristão traz dentro de si poderia me consolar.

Tendo chegado às margens daquela tenebrosa floresta e contemplando a montanha que adiante me surgia e que eu deveria, na minha jornada transpor, percebi que meu caminho era bloqueado pela presença de uma enorme besta. A besta tinha três cabeças, barriga de sindicalista, pés que calçavam botas para lésbicas e rabo preso em outro lugar. A primeira cabeça, a que ficava mais à esquerda, era do PT, a cabeça da direita era da Rede Globo e aquela que se encontrava entre as duas era do PMDB.

“Apoiai-me ou vos devoro, berrou a besta petista”. “Financiai-me ou vos derrubo, bradou a besta Global” “Dai-me cargos, ou vos abandono disse moderadamente a besta do PMDB”

Perdido e sentindo-me esquecido por Deus, entregue ao mais completo desespero, eu vi surgir das trevas o espírito do meu guia, Aecius, que disse - “Eu te guiarei em tua jornada pelos vales da sombra e da morte até tua amada Rosemary. Acompanhai-me e estarás em paz”

Aproximamo-nos, Aecius e eu, da base da montanha e vimos a entrada de um túnel.

Uma placa trazia a inscrição em espanhol típico da Venezuela:

“Despedi-vos de toda esperança de escapar do Impeachment, oh, vós que entrais”.

Tendo juntado os meus dois últimos sanduíches de mortadela, minha última garrafa de guaraná, minha bandeira vermelha e os números das minhas contas no HSBC, eu e Aecius nos preparamos para entrar na escuridão.

O inferno que deveríamos atravessar tinha 9 níveis e dispunha-se num formato de cone com a ponta dirigida para o centro da Terra.

No primeiro daqueles níveis infernais encontravam-se todos os que tentavam em vão segurar a disparada do dólar. Seu martírio não tinha fim e toda segunda feira piorava um pouco mais.

No segundo degrau, era possível ver os que, assim como Sísifo, tentavam fazer uma enorme rocha (que se chamava PIB) subir montanha acima. Eles jamais conseguiam porque eram eternamente interrompidos por uma passeata de ciclistas.

No terceiro nível estavam os condenados a fazer os petistas pararem de beber. Seu martírio era indescritível pois a recaída daqueles espíritos de línguas presas era constante e os responsáveis jamais sairiam de lá. Os condenados faziam um grande churrasco na laje e sentiam fome porque esse jamais ficava pronto.

No quarto inferno encontramos aquelas almas de mulheres condenadas a tentar tornar as deputadas do PT e do PC do B um pouco mais femininas. Seu sofrimento era atroz e sua pena uma das mais cruéis. Um demônio atormentava as criaturas postando fotos de seus cabelos no Google.

No quinto dos infernos eu vi os responsáveis pela crise da falta d'água e de luz. Eles eram castigados pelos constantes pedidos de explicação dos correspondentes da besta Global que no inferno não os deixava em paz.

No sexto degrau encontramos os intelectuais – esses, para escaparam de sua condenação, precisariam escrever qualquer tese de mestrado ou trabalho acadêmico livre de ideias marxistas – jamais algum deles escapou de lá.

No sétimo inferno nós vimos a Igreja Católica do Brasil. Todos os padres levavam foices e andavam com bonés do MST. Eram atormentados pela besta petista que os obrigava a rezar o Pai Nosso – oração que eles jamais conseguiam completar ou mesmo entender.

O oitavo inferno era o aquele das minorias – nada de diferente acontecia lá. Apenas eram divulgadas às minorias informações de que nos outros infernos as penas eram menores e elas, a partir daí, exigiam penas mais iguais e “sem preconceitos”. As três bestas lá se encontravam tomando cerveja e debochando daqueles infelizes.

No nono nível nós vimos Lula acorrentado num prédio que lembrava a Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. O espírito de Celso Daniel o devorava e atormentava constantemente enquanto caixas de som gigantescas tocavam repetidamente a mesma música de Bruno e Marroni.

Tudo isso, eu e meu guia, Aecius, atravessamos depois de subir pela barriga de sindicalista de Lula e pular para o outro lado por que não encontramos o rabo dele (que era guardado com unhas e dentes por Rosemary no céu da chinelagem petista).

Juro que tudo isso é verdade, que tenho tomado todas as minhas medicações, e comparecido, religiosamente, as minhas consultas com a psiquiatra.

Porto Alegre, 8 de março de 2015.

cardiopires
Enviado por cardiopires em 08/03/2015
Código do texto: T5163231
Classificação de conteúdo: seguro