Derci

Derci era uma mulher “sistemática”.Ria de tudo e chorava por quase nada.Quando contava uma piada, ou algo engraçado, ria tanto durante sua própria narração que ao terminar de , contar ficava a estranha sensação de ainda faltava algo.

Embora fosse uma pessoa que levava alegria às pessoas, Derci era uma mulher muito séria, chegava a ser sisuda em alguns momentos.Quando o assunto era morte ela procurava fugir, não gostava!Sempre dizia:

-Isso é inevitável, é o futuro de todos nós.Então para que falar sobre isso?Se não soubermos seremos mais felizes e teremos mais sonhos, trabalharemos mais faremos mais coisas.Se ficarmos falando sobre isso não iremos mudar nada e poderemos até causar falta de motivação.Ah!E eu não acho legal essa coisa de ficar olhando no rosto do morto.Quando eu morrer não quero que fiquem olhando minha cara.Mortos ficam com cara de boneco de cera.Quero que lembrem de mim como eu sou!

O tempo passou e num dia qualquer do mês de fevereiro de um ano qualquer.Derci morreu.

Ela morava em uma cidade pequena do interior e lá, tinham o habito de “velar” o defunto em casa.O corpo chegou na casa de Derci por volta das 21 horas, pois ela morrera as 19.30 (coberto por botões de rosas vermelhas).E, antes mesmo das 22 horas acabou a energia elétrica do bairro todo em que Derci morava. Derci ficou sozinha: o caixão entre os quatro castiçais. Apenas a luza das velas iluminou o rosto de Derci durante toda a noite.Nenhum amigo, ou amiga visitou a casa naquela noite, apenas a família lhe fez companhia.

Às 9 horas da manhã a energia elétrica voltou ao bairro estranhamente, pois não havia chovido, nada interferira no fornecimento da energia.E, sem que nada fosse feito tudo voltou á claridade.As 11 da manhã o caixão foi levado por amigos a igreja da cidadezinha.Abriram o caixão no momento da reza:Não havia mais botões, em seu lugar haviam lindas rosas vermelhas enfeitando e dando cor ao rosto de Derci.

Wal Ispala
Enviado por Wal Ispala em 07/03/2015
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