O primeiro workaholic
Mérica, Mérica, Mérica, cossa saràlo 'sta Mérica?
Vocês sabem, quando uma certa melodia nos invade durante horas ou até um dia inteiro e ficamos a repeti-la sem parar. Pois, ao visitar familiares em Nova Bassano, por ocasião de uma festa, esta pequena frase de uma canção do folclore italiano datada de ano de 1875, ficou martelando na minha cabeça. A canção fala da expectativa dos imigrantes italianos em chegar a América, após várias semanas pelo oceano. Retrata o desapontamento, esperanças e dificuldades encontradas na nova terra.
Essa canção me fez lembrar do “Véio Truppa”. Para quem não teve o prazer de conhece-lo, tratava-se de um respeitado senhor, que perdeu sua mãe na travessia do atlântico. E, poucos meses depois de tomar posse do seu pequeno lote de terras, viu um tigre nutrir-se a custo da vida do pai.
Dizem que chorou por dois dias, mas sobreviveu e tornou-se um belo rapaz, cobiçado pelas moças da região.
Transformou as terras montanhosas e pedregosas, rentáveis, além de construir uma bela casa. Mas, o que realmente lhe dava orgulho era sua linda junta de bois e suas ferramentas de trabalho, confeccionadas sob encomenda na ferraria do nono Tóni.
A felizarda em agarrar o então jovem Joseph Truppa, foi a moça mais serelepe da vizinhança, chamava-se Mariana.
Mariana fora privilegiada pela natureza divina em suas formas. Sua beleza encantadora era admirada por todos. Porém, não se orgulhava disso porque era muito mais astuta que as demais moças, tanto que conquistou o melhor partido da região. O que a moça gostava mesmo era de namorar, e como naquela época namorar era algo muito distante do atual “ficar”, logo resolveu casar.
A festa foi organizada com a ajuda da comunidade e financiada pelo noivo. Tornando o casal ainda mais admirado por toda a comunidade.
E a melodia retorna a invadir a minha mente .... antes que eu esqueça de contar-lhes o que me fez relacionar esta canção ao Véio Truppa, vos digo qual era a importância e o valor do trabalho: significava muito mais que sobrevivência, passou a ser a razão de viver de Joseph. Exagero? Pois vejam só se isso foi exagero.
A Serelepe Mariana, após duas semanas,visita a mãe. É a primeira oportunidade que conseguem conversar a sós, sobre o casamento, é claro.
A mãe inicia perguntando.
- Filha, e aí, com ele é?
- Como ele é, ... o que mãe?
- Você sabe, naquilo...à noite?
- Ah mãe, que pergunta.
- Fala filha, como foi?
- Não foi mãe.
- Como não foi?
- Sei lá mãe, ele anda muito cansado, diz que tem muito trabalho...ah! Mãe, que pergunta.
- Quer dizer que esse tempo todo de casado e, nada ainda?
- É mãe, já falei...deixa disso.
- Milha filha, você não está feliz, quero ajudá-la.
- Mãe, essa situação logo vai passar. Já plantamos todo o trigo e logo, logo, teremos mais tempo e ele estará mais descansado. Não se preocupe.
Três meses depois a mãe resolve visitar a filha e o mesmo assunto é retomado.
- Filha, é aí, como foi?
A filha desconversa e oferece um doce de sagú para a mãe, que insiste.
- Sou sua mãe, me conta, eu sei que você é que nem eu, gosta disso,.... fala, vai.
- Não tem o que falar mãe, não aconteceu ainda. - responde a filha esbravejando.
A mãe engole o sagú sem sentir o sabor e, após um longo silêncio, aconselha a filha.
- Filha, a culpa é milha, sabe com é, quase nunca falamos sobre isso, mas eu tenho um método infalível, e olha que funciona até com seu pai.
- O que é mãe, fala logo? Pergunta a filha reanimada.
- Sabe aquela saia vermelha de prega, rodada?
- Sim mãe, o que que tem a saia? Você sempre disse que é muito curta?
- Escuta. Coloca aquela saia amanhã, quando vocês forem cortar o trigo.
- Mas mãe...
- Faz o que estou te mandando. Coloca a saia e vai cortando o trigo um pouco a frente dele e balança bastante o quadril. Duvido que ele vá resistir a isso. Não tem erro, vai funcionar - garantiu a mãe.
A filha gostou da idéia, mal conseguiu dar atenção a mãe no resto do domingo. A ansiedade era tanta que mal dormiu, pensando em detalhes sobre o plano.
Na segunda, logo percebeu que o marido estava animado com a colheita do trigo. Tratou de pôr o plano em prática assim que chegaram ao campo de trigo.
Formosa como era, com aquela saia um “palmo” acima do joelho, agachava-se para colher o trigo pouco a frente do marido.
Não tardou e o marido logo percebeu que aquela cena, que no mínimo deveria ser considerada a vanguarda da sensualidade.
Observou atentamente, logo entendeu a situação e subitamente sentiu um calor intenso espalhar-se pelo corpo até atingir a face. Não se conteve e como uma fúria animal, esbravejou ao céu.
- Logo agora que tem todo esse trigo para colher, a mulher me entra no cio. Como é que vou colher todo esse trigo, sozinho?
Mandou a mulher para casa e irritado apressou-se na colheita.
Mérica, Mérica, Mérica, cossa saràlo 'sta Mérica?
Vocês sabem, quando uma certa melodia nos invade durante horas ou até um dia inteiro e ficamos a repeti-la sem parar. Pois, ao visitar familiares em Nova Bassano, por ocasião de uma festa, esta pequena frase de uma canção do folclore italiano datada de ano de 1875, ficou martelando na minha cabeça. A canção fala da expectativa dos imigrantes italianos em chegar a América, após várias semanas pelo oceano. Retrata o desapontamento, esperanças e dificuldades encontradas na nova terra.
Essa canção me fez lembrar do “Véio Truppa”. Para quem não teve o prazer de conhece-lo, tratava-se de um respeitado senhor, que perdeu sua mãe na travessia do atlântico. E, poucos meses depois de tomar posse do seu pequeno lote de terras, viu um tigre nutrir-se a custo da vida do pai.
Dizem que chorou por dois dias, mas sobreviveu e tornou-se um belo rapaz, cobiçado pelas moças da região.
Transformou as terras montanhosas e pedregosas, rentáveis, além de construir uma bela casa. Mas, o que realmente lhe dava orgulho era sua linda junta de bois e suas ferramentas de trabalho, confeccionadas sob encomenda na ferraria do nono Tóni.
A felizarda em agarrar o então jovem Joseph Truppa, foi a moça mais serelepe da vizinhança, chamava-se Mariana.
Mariana fora privilegiada pela natureza divina em suas formas. Sua beleza encantadora era admirada por todos. Porém, não se orgulhava disso porque era muito mais astuta que as demais moças, tanto que conquistou o melhor partido da região. O que a moça gostava mesmo era de namorar, e como naquela época namorar era algo muito distante do atual “ficar”, logo resolveu casar.
A festa foi organizada com a ajuda da comunidade e financiada pelo noivo. Tornando o casal ainda mais admirado por toda a comunidade.
E a melodia retorna a invadir a minha mente .... antes que eu esqueça de contar-lhes o que me fez relacionar esta canção ao Véio Truppa, vos digo qual era a importância e o valor do trabalho: significava muito mais que sobrevivência, passou a ser a razão de viver de Joseph. Exagero? Pois vejam só se isso foi exagero.
A Serelepe Mariana, após duas semanas,visita a mãe. É a primeira oportunidade que conseguem conversar a sós, sobre o casamento, é claro.
A mãe inicia perguntando.
- Filha, e aí, com ele é?
- Como ele é, ... o que mãe?
- Você sabe, naquilo...à noite?
- Ah mãe, que pergunta.
- Fala filha, como foi?
- Não foi mãe.
- Como não foi?
- Sei lá mãe, ele anda muito cansado, diz que tem muito trabalho...ah! Mãe, que pergunta.
- Quer dizer que esse tempo todo de casado e, nada ainda?
- É mãe, já falei...deixa disso.
- Milha filha, você não está feliz, quero ajudá-la.
- Mãe, essa situação logo vai passar. Já plantamos todo o trigo e logo, logo, teremos mais tempo e ele estará mais descansado. Não se preocupe.
Três meses depois a mãe resolve visitar a filha e o mesmo assunto é retomado.
- Filha, é aí, como foi?
A filha desconversa e oferece um doce de sagú para a mãe, que insiste.
- Sou sua mãe, me conta, eu sei que você é que nem eu, gosta disso,.... fala, vai.
- Não tem o que falar mãe, não aconteceu ainda. - responde a filha esbravejando.
A mãe engole o sagú sem sentir o sabor e, após um longo silêncio, aconselha a filha.
- Filha, a culpa é milha, sabe com é, quase nunca falamos sobre isso, mas eu tenho um método infalível, e olha que funciona até com seu pai.
- O que é mãe, fala logo? Pergunta a filha reanimada.
- Sabe aquela saia vermelha de prega, rodada?
- Sim mãe, o que que tem a saia? Você sempre disse que é muito curta?
- Escuta. Coloca aquela saia amanhã, quando vocês forem cortar o trigo.
- Mas mãe...
- Faz o que estou te mandando. Coloca a saia e vai cortando o trigo um pouco a frente dele e balança bastante o quadril. Duvido que ele vá resistir a isso. Não tem erro, vai funcionar - garantiu a mãe.
A filha gostou da idéia, mal conseguiu dar atenção a mãe no resto do domingo. A ansiedade era tanta que mal dormiu, pensando em detalhes sobre o plano.
Na segunda, logo percebeu que o marido estava animado com a colheita do trigo. Tratou de pôr o plano em prática assim que chegaram ao campo de trigo.
Formosa como era, com aquela saia um “palmo” acima do joelho, agachava-se para colher o trigo pouco a frente do marido.
Não tardou e o marido logo percebeu que aquela cena, que no mínimo deveria ser considerada a vanguarda da sensualidade.
Observou atentamente, logo entendeu a situação e subitamente sentiu um calor intenso espalhar-se pelo corpo até atingir a face. Não se conteve e como uma fúria animal, esbravejou ao céu.
- Logo agora que tem todo esse trigo para colher, a mulher me entra no cio. Como é que vou colher todo esse trigo, sozinho?
Mandou a mulher para casa e irritado apressou-se na colheita.