VELHO ENGENHO
Engenho de cana, Engenho velho que muito gemeu engolindo cana.
O dia inteiro estava lá como que um carrossel devorando cana.
O cavalo Fubá com seu casco estropiado,
O burro Zeferino com seu pelo de rato. Os dois iam revezando na moagem para tirar a garapa.
Desde muito sedo eles começavam a girar as moendas do engenho.
“Está faltando cana”, dizia Papai!
E nós íamos apressando as canas em suas incansáveis moendas que lentamente iam apertando as canas.
O braço forte do engenho, feito de jacarandá, ia norteando Zeferino e Fubá.
A lingueta de zinco do engenho ia soltando lentamente a garapa.
Garapa docinha que caía na calha de cerâmica e corria fazendo barulho para o grande taxo.
Taxo velho, taxo de cobre, taxo raso e de apuração!
Fazia sol, chuva, nublado ou frio, lá estava Fubá e Zeferino.
Como que num carrossel moendo cana e rangendo o engenho velho, eles iam garapando o canavial!
Rapadura boa, docinha e pesada.
Melado bem grosso, crianças por perto e muito melecada.
Velho engenho!
Somente com as lembranças que não voltam mais.
Que saudade!
É isso aí!
Acácio Nunes