O PALESTRANTE
Certa vez um conhecido palestrante foi convidado para dar uma série de palestras sobre educação moral e cívica em uma escola. Ela era famosa pela ignorância e indisciplina dos seus alunos, os quais não tinham respeito por coisa alguma nem tinham qualquer noção dos valores fundamentais que regem a vida em sociedade. Atraídos pelo nome do palestrante, que já havia escrito alguns livros sobre o assunto e aparecido na televisão várias vezes, na primeira palestra o auditório lotou. Ele ficou muito satisfeito com o tamanho da plateia e deu uma magnífica aula sobre moral e civismo. Todavia, ele logo se decepcionou porque já na segunda palestra a plateia havia diminuído pela metade, e na terceira ela se resumia a uns poucos gatos pingados. Na quarta, somente um aluno compareceu.
O palestrante notara que esse aluno estivera presente em todas as palestras anteriores.
─ Muito obrigado pela sua presença ─, disse o palestrante, dirigindo-se ao aluno. ─ Notei que você compareceu em todas as minhas palestras. Percebi que você tem interesse nos assuntos sobre os quais eu falei. Infelizmente vou ter que parar com as minhas palestras, pois não posso falar para um aluno só ─ disse o professor, com muita amargura na voz..
─ Se o seu problema é a plateia ─ respondeu o aluno ─ o senhor pode continuar com suas palestras. Pode deixar que amanhã eu vou lotar este auditório para o senhor.
─ Se você conseguir fazer isso, tudo bem ─, disse o professor. ─ Amanhã estarei aqui de novo.
No dia seguinte o palestrante compareceu ao auditório, mas lá só encontrou novamente o mesmo aluno.
─ Onde está a plateia que você me prometeu? ─ perguntou o palestrante.
─ Está nas cadeiras ─ , respondeu o aluno.
O palestrante olhou para o auditório e percebeu que todas as cadeiras estavam ocupadas com fotografias de pessoas que o aluno espalhara por elas.
─ Que brincadeira de mau gosto é essa? ─ perguntou ele. ─ Você quer que eu fale para uma plateia fictícia?
─ Não é isso que o senhor têm feito até agora, meu caro mestre? ─, respondeu o aluno.
Então ele entendeu. Deu alegremente a sua palestra para aquele aluno e para as fotografias dos ocupantes das demais cadeiras. E sentiu que aquele fora a melhor palestra que já dera na vida.
Depois desse dia ele deixou de se preocupar com a quantidade de ouvintes e passou se ocupar com o conteúdo da sua mensagem. E quando entrava em um auditório para iniciar uma palestra imaginava-se falando para verdadeiros ouvintes e não para uma grande plateia.
“Ainda que seja apenas um”, dizia para si mesmo, “o importante é que a minha mensagem seja passada adiante."
Porque naquela noite ele deixara de ser apenas um palestrante e se tornara um mestre de verdade. Ele fizera um discípulo. Daí então ele nunca mais se preocupou com a quantidade dos seus ouvintes, mas falava, com toda sua alma, para aqueles que realmente queriam escutá-lo. E era para estes que ele dirigia o seu discurso.
Lembrou-se do que Deus dissera acerca de Sodoma e Gomorra: “Se lá se encontrar ao menos um, pouparei a cidade inteira”. E concluiu: “Eu fui mais feliz que Deus no meu discurso, pois encontrei ao menos um. Deus não achou nenhum e por isso teve que destruir a cidade inteira. Eu posso ter esperança.”
Ele havia compreendido qual era a sua missão. Principalmente, descobriu que a natureza não realiza o seu trabalho de preservação e aperfeiçoamento da vida de forma coletiva, mas sim seletiva. Entendeu que o sol e a chuva derramam seus dons para a floresta toda, mas somente algumas sementes frutificam e transmitem a herança da vida. E essa é a missão de todo verdadeiro mestre.
Certa vez um conhecido palestrante foi convidado para dar uma série de palestras sobre educação moral e cívica em uma escola. Ela era famosa pela ignorância e indisciplina dos seus alunos, os quais não tinham respeito por coisa alguma nem tinham qualquer noção dos valores fundamentais que regem a vida em sociedade. Atraídos pelo nome do palestrante, que já havia escrito alguns livros sobre o assunto e aparecido na televisão várias vezes, na primeira palestra o auditório lotou. Ele ficou muito satisfeito com o tamanho da plateia e deu uma magnífica aula sobre moral e civismo. Todavia, ele logo se decepcionou porque já na segunda palestra a plateia havia diminuído pela metade, e na terceira ela se resumia a uns poucos gatos pingados. Na quarta, somente um aluno compareceu.
O palestrante notara que esse aluno estivera presente em todas as palestras anteriores.
─ Muito obrigado pela sua presença ─, disse o palestrante, dirigindo-se ao aluno. ─ Notei que você compareceu em todas as minhas palestras. Percebi que você tem interesse nos assuntos sobre os quais eu falei. Infelizmente vou ter que parar com as minhas palestras, pois não posso falar para um aluno só ─ disse o professor, com muita amargura na voz..
─ Se o seu problema é a plateia ─ respondeu o aluno ─ o senhor pode continuar com suas palestras. Pode deixar que amanhã eu vou lotar este auditório para o senhor.
─ Se você conseguir fazer isso, tudo bem ─, disse o professor. ─ Amanhã estarei aqui de novo.
No dia seguinte o palestrante compareceu ao auditório, mas lá só encontrou novamente o mesmo aluno.
─ Onde está a plateia que você me prometeu? ─ perguntou o palestrante.
─ Está nas cadeiras ─ , respondeu o aluno.
O palestrante olhou para o auditório e percebeu que todas as cadeiras estavam ocupadas com fotografias de pessoas que o aluno espalhara por elas.
─ Que brincadeira de mau gosto é essa? ─ perguntou ele. ─ Você quer que eu fale para uma plateia fictícia?
─ Não é isso que o senhor têm feito até agora, meu caro mestre? ─, respondeu o aluno.
Então ele entendeu. Deu alegremente a sua palestra para aquele aluno e para as fotografias dos ocupantes das demais cadeiras. E sentiu que aquele fora a melhor palestra que já dera na vida.
Depois desse dia ele deixou de se preocupar com a quantidade de ouvintes e passou se ocupar com o conteúdo da sua mensagem. E quando entrava em um auditório para iniciar uma palestra imaginava-se falando para verdadeiros ouvintes e não para uma grande plateia.
“Ainda que seja apenas um”, dizia para si mesmo, “o importante é que a minha mensagem seja passada adiante."
Porque naquela noite ele deixara de ser apenas um palestrante e se tornara um mestre de verdade. Ele fizera um discípulo. Daí então ele nunca mais se preocupou com a quantidade dos seus ouvintes, mas falava, com toda sua alma, para aqueles que realmente queriam escutá-lo. E era para estes que ele dirigia o seu discurso.
Lembrou-se do que Deus dissera acerca de Sodoma e Gomorra: “Se lá se encontrar ao menos um, pouparei a cidade inteira”. E concluiu: “Eu fui mais feliz que Deus no meu discurso, pois encontrei ao menos um. Deus não achou nenhum e por isso teve que destruir a cidade inteira. Eu posso ter esperança.”
Ele havia compreendido qual era a sua missão. Principalmente, descobriu que a natureza não realiza o seu trabalho de preservação e aperfeiçoamento da vida de forma coletiva, mas sim seletiva. Entendeu que o sol e a chuva derramam seus dons para a floresta toda, mas somente algumas sementes frutificam e transmitem a herança da vida. E essa é a missão de todo verdadeiro mestre.