S E G R E D O
Ele não teve coragem de dar um tapa na cara
Muito menos de dar a cara à tapa
“Não acreditou”, se apiedou, se acovardou...
Ele não teve forças para abandonar a dor
Equilibrou o amor com um Apocalipse que o dilacerou
Ouviu todos os absurdos inerte, “surdo-mudo”, humilhado
Não escondeu o pranto, nunca chorou tanto
Nem se sentiu tão revoltado.
Durante anos manteve os olhos vendados
Não quis acreditar, não quis enxergar
Mesmo quando a verdade bateu a sua porta
Preferiu não escutar, não a deixou entrar
Não viu, não ouviu, não falou...
Esteve doente!
O dia traz dor, a tarde traz dor, a noite traz dor...
Todo dia sente medo...
A dor só não é mais latente que o próprio segredo.
O que ele desejou foi seguir por um infinito caminho
E quando chegasse ao final, fenecesse sozinho
Quiçá, um dia fosse encontrado, todos saberiam o segredo.
Em meio ao seu esqueleto soterrado e preservado.
Um coração fossilizado, onde o amor permanecera intacto.
O segredo...