PENSANDO ESCREVO.

E ficou resumido o que antes dava prazer. Velhos fragmentos de um passado, que talvez nem tão distante está!

Meu olhar se perde na amplitude e vagueio pelos cômodos. Ando devagar.Toco em alguns objetos. E demoro em observar.

Vejo as paredes amareladas e em determinados pontos, está descascada sombreadas pela argamassa saliente.

. Velhos móveis sem brilho, segurando arranjos ultrapassados.

Ali o jogo de café de porcelana, tão antigo! com seus adornos dourados. Um jacaré esculpido em madeira guardião das antiguidades. Uma estatueta mostra uma índia que segura um vaso.Vários quadros emoldurando as paredes. O relógio que marcou,todo esse tempo ,continua ininterrupto. Fixo o olhar nos arranjos da jarra de vidro,que sustenta ainda as flores de plástico e que naquele tempo ganhavam vida. Enfeitavam a casa da ilusão, como flores ''naturais''em matizes diversos. Quem sabe! talvez houvesse ali uma primavera diferente e que se foi. Hoje voltam ao normal, desbotadas também ficaram as flores, sem vida como sempre foram.

Sozinha no Sítio, me entrego ao devaneio das lembranças do passado, que foram alegres e agradáveis. Por um momento relembro,escuto com certeza... vozes das pessoas, dos meus filhos diálogos em alto tons e que ganham vida intimamente.As músicas preenchendo o ambiente. Os adolescentes sorrindo, na satisfação da juventude, que até então pertencia aos pais usufruir também.O barulho

de subir a escada, colocando força nos pés.

Ah! tantas coisas...

E tudo se perde e volto a realidade.Somente a solidão vai ganhando espaço. Mais é interessante... estar sozinha,pensar,sonhar sentir o que num tempo foi realidade, agente reconstitui tudo facilmente.Mais de repente tudo se esvai, como brumas passageiras, deixando somente o vazio.E tudo se esbarra ao encontro do nada.

Intimamente me pergunto:

-Por que tenho que ficar aqui? não encontro resposta, para fazer vibrar o coração

A tarde chega e na quietude, somente preenchida pelo canto dos pássaros se despedindo do dia que termina. E vejo o por do sol, mas é mais triste,e perdura, envolvendo minha solidão.

E no silêncio da fria madrugada, o sol volta se despontando, vai se infiltrando nas frestas da janela para um novo dia como tantos outros.

E penso:

-Esse sol que brilhou em minha vida, hoje tem outra tonalidade, eu e o entrevejo e acho que perdeu um pouco a luz, já não brilha como outrora, ficou um pouco opaco!... ou é a minha vista cansada?

O tempo passou.E eu não percebi que perdia a essência principal da vida, que é viver intensamente, os momentos bons, que ela nos proporciona.

Hoje cansada de tudo sigo meus passos, lentos com certeza, mais na esperança de....''viver'' não só de esperança, mais de encontrar alegria e uma nova ilusão para o meu coração.

Flor da Aurora
Enviado por Flor da Aurora em 21/02/2015
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