RUA DO CAFÉ
Era uma segunda-feira quando tudo começou. Início das aulas de um casal de amigos que sempre passavam pelo mesmo caminho para ir a escola, a Rua do café, Robert e Julia eram amigos desde a infância,
Certo dia, indo para a escola pela rua do café, perceberam que da janela do primeiro andar de um prédio, um garoto os observava.
O nome dele era Guilherme, de 16 anos, sem amigos e que amava ficar na janela sentido o vento o tocar.
Ele tinha os sentidos muito apurados, o que lhe permitia ter devaneios ao sentir o vento em sua pele
Na segunda-feira da semana seguinte ao inicio das aulas, Robert comentou com Julia,
- Vamos vê se aquele garoto esta afim de você?
- Vamos, mas como?
- Simples, vamos observar se é pra você mesmo que ele está olhando.
- Certo, aposto que não é pra mim, comentou Julia rindo.
Como combinado, eles passaram pela rua do café, dessa vez mais lentamente... E lá estava Guilherme em sua janela.
O casal de amigos se aproximaram andando um pouco mais devagar e passaram, Guilherme seguiu com a cabeça os dois ao mesmo tempo, então Robert muito intrigado comentou.
- Assim não da para saber quem ele está olhando, temos que passar um de cada vez, amanhã você vai na frente, depois eu vou.
- Certo, disse Julia.
No dia seguinte, como combinado, eles passaram pela rua do café, de longe já avistaram Guilherme na janela, então Robert disse...
- Vai Julia, vai na frente...
Julia adiantou os passos e foi na frente, passou pela Janela de Guilherme e o mesmo se manteve parado em seu devaneio.
Logo depois foi a vez de Robert passar.
De longe, Julia observa Guilherme o acompanhar com a cabeça.
- E então, ele olhou? disse Robert intrigado.
- Sim, ele te acompanhou com a cabeça até você passar, respondeu Julia rindo de Robert.
- Ah, será que ele está me confundindo com alguém, por isso me olha?
- Não Robert, vai ver ele gostou de você, respondeu Julia caindo na gargalhada.
- Não enche, vamos observar até sexta-feira e na segunda tiramos essa historia a limpo.
- Tuuudo bem, mas será a mesma coisa, respondeu Julia.
Passou o restante da semana e se repetiu, Guilherme continuava a observar enquanto Robert passava, na segunda-feira então resolveram tirar essa história a limpo, ao avistar a casa de Guilherme, Robert logo comentou com Julia que hoje eles iriam lá falar com o garoto, Julia achou loucura, mas concordou,
se aproximaram da casa e Robert logo falou para o garoto na janela,
- EII CARA!! Pode vim aqui falar com a gente? Perguntou Robert
- Não posso ir até ai só, podem subir, está aberto, respondeu Guilherme.
Robert e Julia subiram até a casa de Guilherme lá estava ele só em casa, sentado em uma cadeira perto da janela.
- Então, o que vocês desejam? Perguntou Guilherme curioso.
- Por que você fica me olhando todos os dias quando passo? perguntou Robert em um folego só.
- Calma não é assim, olha, eu sou a Julia e esse é o Robert, é que observamos que você todo dia quando passamos, observa Robert passa... Completou Julia.
- Meu nome é Guilherme, prazer em conhece-los, mas sinto desapontar vocês, eu não estava olhando ninguém em momento algum.
- Como não, eu sempre vejo você acompanhando Robert com a cabeça quando ele passa, comentou Julia.
- Sim, acompanho por causa do perfume, gosto desse cheiro...
- Nisso tenho que concordar com você, esse aqui toma banho de perfume, disse Julia olhando para Robert.
- AH! E se vocês não observaram, eu sou deficiente visual, fiquei cego depois de um acidente que sofri com meu pai que faleceu no acidente, ele usava esse mesmo perfume que você Robert, disse Guilherme.
- Eu só acompanhava com cabeça por causa do perfume, me faz lembrar meu pai, enquanto você andava o perfume se distanciava era como se eu estivesse perdendo ele de novo... Completou Guilherme.
- Nossa cara, desculpa, eu sinto muito, disse Robert sentido por Guilherme.
Depois de um longo dialogo e Guilherme contar tudo que aconteceu, eles se tornaram amigos, todos os dias ao passar pela rua do café para ir a escola, Robert e Julia cumprimentava seu novo amigo.
Robert presenteou Guilherme em uma de sua visitas com um perfume do mesmo que ele usa, aquele que faz Guilherme lembrar do seu pai.
O garoto que antes vivia na janela, preso em casa e sem amigos, agora tinha amigos e toda tarde junto com Julia e Robert saia para passear conhecendo e sentindo prazeres esquecido após o acidente que o deixou cego, o casal de amigos nunca mais deixou que Guilherme ficasse preso em casa, sempre estavam por lá aprontando alguma coisa pela rua do café, um bela amizade que começou por um perfume e uma triste lembrança.