A casa de minha infância
Thachy Luna
É difícil dizer ou até mesmo explicar o porquê de desejarmos tanto voltar a infância, estou me sentindo assim neste momento, nos dias atuais de minha vasta idade voltei a sonhar com a infância, com o meu lar, meu antigo lar, sinto saudades de muitas coisas que tivi na infância, saudades da energia e vitalidade, saudades do meu velho amigo Rufus, um vira-latas brincalhão... _ O que está pensando meu velho? - Disse Dona Gertrudes pondo a mesa do café interrompendo assim os devaneios de Jacob.
_ Nada minha velha, nada importante. Sabe tenho sentido saudades de muitas coisas.
_ Eu também principalmente do tempo que levava para pôr o café na mesa, sinto saudades de ser agil. - Eles riram depois do que Gertrudes havia falado, mais no fundo Jacob sabia que sua esposa sentia falta de ser mãe, Deus havia lhe tirado por algum motivo a dádiva de ser mãe e por muito tempo Gertrudes chorou até não ter mais lágrimas para chorar essa é uma tristeza que ela carregaria até seu último dia de vida na terra. Depois de alguns minutos sorrindo se fez silêncio outra vez, eles tomaram café sem mencionar uma palavra siquer, Jacob sempre pensava no silêncio de sua casa e na idade avançada que os dois estavam e na aposentadoria, os dois já não eram considerados úteis para sociedade, Jacob sempre pensava naquele silêncio e na falta de assunto para conversar e quando estavam na sala e ligavam a TV Jacob dizia: _ Você já reparou minha velha que só passam desgraças na TV?
_ É verdade velho! No jornal só tem desgraças, as novelas só tem desgraças e tentam camuflar com gotas de bondade, os programas então... Aí é que desgraça mesmo! E os filmes?! Os filmes de hoje em dia só tem desgraça, saudades da época de filmes como Casa Blanca, não que naquela também não tivessem desgraças, mas ou mesmo existiam muitos filmes que nos faziam esquecer, hoje em dia o foco é a desgraça!
_ É. - Certo dia Gertrudes decidiu limpar o quintal, exercício que ela fazia uma vez por mês por causa das dores nas juntas e claro ela contava sempre com a ajuda de seu companheiro Jacob, mas naquele dia ele estava demorando, todas as manhãs depois do café Jacob caminhava até a banca de jornais comprar palavras cruzadas e acabou perdendo a noção do tempo conversando com um rapaz que comprava jornal, Jacob e Gertrudes passavam os dias resolvendo as palavras cruzadas por isso comprava uma nova todos os dias o dono da banca de jornais não achava ruim só que naquele dia em especial não tinha palavras cruzadas e o rapaz se ofereceu para ir com ele até a próxima banca que era um tanto distante e enquanto isso Gertrudes começara a limpar o quintal sozinha, retirando os matos secos e revirando os matos não percebeu a presença da cobra que a picou em demora e com o susto ela desmaiou, minutos depois Jacob chega e vai até o quintal e encontra Gertrudes desmaiada e a cobra rastejando para o outra lado e de me imediato mata cobra sem pensar duas, liga para a emergência e vai com sua esposa.
_ Por favor Deus! Por favor Deus! Não leve minha Gertrudes, sou sozinho, não sou forte, não suporto a solidão, leve-nos juntos, nos guarde ao mesmo tempo! O Senhor nos tirou muita coisa ao menos este pedido o Senhor tem que conceder. Vendo o desespero em seu rosto um dos socorristas disse: _ Ela ficará bem, temos a cobra, administrar o soro será fácil e recuperação também!
_ Você não entendi! - Disse Jacob, ninguém compreenderia a dor de ficar sozinho como ele e por isso tinha medo. Enquanto esperava a recuperação de Gertrudes, Jacob votara para cada de sua infãncia várias vezes e se sentia bem e feliz, toda vez que voltava lá revivia todos os momentos bons de sua vida de criança, com seus pais, de como foi feliz até os dez anos de idade depois que os perdara num acidente de carro, antes do abrigo antes de todas as coisas ruins que suscederam depois. Gertrudes se recuperou e voltou para casa, tudo voltou ao seu lugar, a rotina de sempre, mas para Jacob qualquer rotina que ele não tivesse que ficar sozinho jamais seria rotina e após um ano daquele dia fadidico Deus concedera o pedido de Jacob, Jacob e Gertrudes foram levados enquanto dormiam, sem dor, sem sofrimento e sem ninguém que chorasse sua morte.
Antes de morrer voltei novamente a casa de minha infância, a última vez que se estendeu por um tempo sem hora marcada e tive um último pensamento, que talvez morrer seja voltar para o lar se isso é verdade ou não, estou em casa!