Era noite de Natal
Era noite de natal a cidade estava toda iluminada e as crianças esperavam ansiosas pela visita de papai Noel. Em casa tínhamos uma grande árvore natalina montada e uma farta mesa nos esperando para a ceia.
No canto da sala eu olhava deslumbrada o presépio que eu e meus cinco irmãos havíamos montado. Lembro que passamos uma semana juntando pedras, folhas e gravetos para deixar a gruta perfeita. Eu estava admirada e repeti silenciosamente: ficou lindo.
Uma gruta bem rústica imitava um pobre e velho estábulo, com vacas, carneiros, bois e ovelhas. No alto, balançava pendurada a estrela de Davi. No interior da gruta as imagens de Nossa Senhora, São José e a dos pastores. Havia também uma manjedoura vazia esperando soar meia noite para que colocássemos a imagem do menino Jesus. Mas meu coração de criança estava triste. Eu pensava: Porque que o menino Deus nasceu num lugar tão pequeno e pobre? Será que ele ganhou presente de Papai Noel? Olhei nossa árvore repleta de presentes e pensei: será que o papai Noel vai passar no hospital e dar presentes para as crianças que estão doentes? Será que ele chega até as nossas ilhas? Mas me disseram que ele só anda de trenó! Nas ilhas só se chega de lancha, barco, canoa ou montaria. Fiquei horas imaginando aquele velho barbudo vestido com aquela roupa quente e vermelha todo suado remando até chegar nas casas ribeirinhas para entregar brinquedos e alegria às crianças. De repente ouvi mamãe me chamar: venha filha. Vamos ceiar!