A adolescente sem braços

O olhar dela mostrou atento, sensível, correto e de soslaio mirava-me como se fosse um espelho, onde procurava ver sua beleza, elegância e formosura. tamanho encantamento e aquela beleza ofuscaram meus olhos e por alguns instantes fiquei estático, sem esboçar nenhuma reação, até que, pouco a pouco fui voltando ao meu estado normal, saindo daquele estado patético, conseguir dirigir-me a ela, e dizer senhorita vamos dançar? Aquela fração de segundo para mim pareceu uma eternidade, foi como tivesse faltado terra aos meus pés e encontrava flutuando. Tamanha a leveza daquelas palavras, saindo da boca daquela moça, tão maravilhado estava e nem sequer atinava que estava diante de uma miragem que falei alguma coisa como: obrigado meu DEUS; ela disse-me como?- respondi és linda como uma deusa. Ela me respondeu com uma voz doce, suave: obrigado pelo elogio.

Querendo plagiar o poeta grego Hesíodo, que escreveu “ os trabalhos e os dias” disse-lhes que os brilhos dos olhos dela refletiam a beleza de sua alma e transcendiam o encanto e a magia de seu interior. Após alguns segundos de hesitação, convidei-a para dançar, ela corou, seu rosto ficou avermelhado e disse-me não danço. Perguntei-lhe porquê? Ela então meio sem jeito e um tanto quanto acabrunhada, disse-me com voz entrecortada não tenho os braços , vi uma ponta de tristeza naquele meigo e doce olhar, vi que realmente os seus braços tinham sido amputados um quatros centímetros abaixo dos ombros. Olhei-a por fração de segundo e disse-lhe não vou dançar com seus braços e sim com você. Sentir naqueles lindo olhar um brilho de alegria e procurando a aprovação da mãe, antes que ela me dissesse qualquer coisa adiantei se não sabes dançar eu ti ensino e quanto aos braços seus longos cabelos vão cobrir e garanto que ninguém irá perceber. Confesso que foi uma das mais felizes noite de minha vida e também dela. Aqui acolá perguntava estás cansada ela me respondia não.

Ela me contou, sem que eu perguntasse que quando pequena, caiu entre os trilhos do bonde e este passou por cima dos seus dois braços. Durante a noite tivemos longa conversas, disse-me que a primeira pessoa que ao ver que faltava os braços e dançou com ela fui eu. Passando ai a ser minha parceira de dança e os que nos via no salão diziam estes dançam tão agarradinhos que parecem um só. As vezes ela ouvia estes comentário e gargalhava e aquilo me trazia uma felicidade imensa e como dois adolescentes inebriados sob o som de Renato e seu BLU CLEP, THE FIRVERER e tantos outro da época.

Depois o tempo fez que cada um tomasse seu rumo e não nos vimos mais.

JOÃO PESSOA-PB,09/01/2015 Francisco Solange Fonseca

FSFonseca
Enviado por FSFonseca em 09/01/2015
Reeditado em 09/01/2015
Código do texto: T5096630
Classificação de conteúdo: seguro