Boneca cobiçada...
Tia Justiniana esperou dobrar os sessenta de idade, e a chegada da aposentadoria, para realizar seu sonho de menina, moça e sessentona:
foi lá na loja do Zé Levindo, e comprou a boneca mais bonita que achou.
Era a Betina, assim comercializada, assim batizada.
E ao chegar em casa, surpreendeu as manas solteironas com aquele despautério, que reanimaria qualquer climatério. Sério. Até dona Inhana, a matriarca, que gerara onze rebentos, se emocionou com a chegada tão temporã de Betina.
Banhada e trocada a menina, foi a vez da sobrinhagem tomar conhecimento da auto-premiação. E a vizinhança até, acorreu à comoção.
O casamento que não viera, não precisava mais ser sonhado. Demais, homens, eram um fardo, um enfado. Tio Antônio, o único varão solteiro da casa, embora trabalhador, era um estróina, dando trabalheira às irmãs, que tinham de cuidar da breieira que ele aprontava. Já o outro, o Luís, era casado, ajuizado e embora vizinho, vivia apartado. E apertado com sua prole infindável.
Nesse contexto, Betina passou a reinar. Nem os olhares furtivos de Sarney, transmitidos pela televisão, abalaram Justiniana em sua nova missão. Era brasileira, mineira e mãe verdadeira.