O Triste Natal de Curupira - Parte 02
Hohohohohohohohoho – Chegou o Natal, na Fazendinha.
Curupira, que na Fazendinha também é conhecida como Pigmeu, resolveu reunir os agregados, para a esperada Confraternização de Natal, a data que para os verdadeiros cristãos comemoram o nascimento do Salvador.
Após ter passado um ano chocho, diga-se de passagem, bem chocho, sem ir para lugar ninguém, com uma vida miserável, indo apenas da Fazendinha para o Alagado, e do Alagado para a Fazendinha, Cupira na noite de Natal ficou sozinha.
Ninguém teve coragem de convidar Curupira e agregados para a ceia de Natal fora da Fazendinha. Mas, afinal, não podia ser diferente, pois a única conversa que Curupira tem tido nos últimos tempos com os conhecidos é sobre o Zeca Urubu.
As pessoas não aguentam mais. Sempre as mesmas coisas, e nada de proveitoso. Não existe uma conversa sobre viagens, mas afinal que viagens?, pois Curupira não sai de casa.
Em noite de Natal, o que se busca são conversas agradáveis, amenas, e não conversas destinadas a falar mal dos outros. As pessoas querem ouvir coisas boas, legais, proveitosas, diferentes, e não conversas sobre acontecimentos nos barracos da Fazendinha.
Neste ano, o Natal de Curupira foi um pouco mais triste, pois um de seus agregados colaterais, pretendente de sua enteada, deixou de frequentar o barraco. Apesar do esforço da enteada de Curupira indo e vindo quase todos os finais de semana, o Sapo Caco resolveu pular fora, e talvez tenha sido a melhor coisa que tenha feito, livrando-se da Floresta do Mal.
Ao aproximar a meia noite, a famosa meia noite, o silencio era total no barraco de Curupira, todos escondidos, sobrando apenas às mídias sociais, para um leve conforto. Ao que parece o Natal nas ruas da Fazendinha estava mais animado do que no barraco de Curupira.
No momento, em que o relógio marcava meia noite, no pensamento de Curupira havia pedidos em desfavor de Zeca Urubu, seguindo a orientação do Pai de Branco, como se Deus pudesse atender a preces vingativas, ou mesmo pudesse atender aqueles que ascendem uma vela para Deus e outra para o Diabo.
No dia seguinte, a mesma coisa, todos trancados dentro de casa, sem ir a lugar nenhum, nem mesmo para um almoço fora da Fazendinha, ainda que em um quiosque. Apesar de terem crescido nas cercanias da Fazendinha ninguém chama Curupira e agregados para um almoço de Natal, que coisa triste!
Afinal, o tempo esta passando, o relógio a cada dia diminuindo o tempo de caminhada neste plano terreno, e Curupira e agregados preocupados apenas e tão somente com o Zeca Urubu. É realmente deprimente, e o Natal não poderia ser diferente!
Além disso, mais um Natal sem que o enteado querido, o Sapo Boi, que tem como ídolo Maçaranduba, apresentasse para a família ou trouxesse para a Fazendinha uma rã, se é que é chegado em rã, para passar noite de Natal, que mais estava parecendo um dos episódios da Floresta do Mal.
Mas, é assim, apesar das afirmações no sentido de que é uma pessoa extremamente feliz, feita de barraco em barraco na Fazendinha, percebe-se que Curupira carrega várias frustrações, que tem afastado até mesmo os agregados mais próximos.
Os enteados que também são preocupados com o Zeca Urubu não tem coragem de levar a Curupira para um passeio, passeio bom, ou mesmo para uma viagem legal, para que esta possa conhecer outras legações, ou quem sabe até mesmo legações estrangeiras, e desta forma para de morrer de inveja do Zeca Urubu e família.
O tal de Sapo Boi também tem tido uma vida bem medíocre, além de passar o Natal sozinho, e possivelmente passará um Ano Novo chocho, pois vive na barra de Curupira. Ao invés de viajar, conhecer outros lugares, prefere mesmo ficar passando sebinho na roda da carroça.
Mas, é isso, mas um Natal Triste no Barraco de Curupira. A meia noite todas as luzes apagadas, cerveja quente, e comida requentada, e com o pensamento centrado no Zeca Urubu, pois não tem coisa melhor para fazer.
Assim, até o próximo ano, que possivelmente será a mesma coisa, com a chegada da meia noite, um pedaço de carne e uma cerveja quente para a confraternização, e nada legal para fazer. Coragem para passar o Natal ou mesmo o Ano Novo fora da Fazendinha, não existe!
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