Os pães do Bazé
De bão, o que o Luiz Bazé fazia era entregar pão - de cada dia. Fazia-o no povoado do Brumado, e com seu balaio atochado, ia andando pelo povoado. O que não podia era perder tempo, pois tinha que retornar à Velha Serrana, de jardineira, e ela não era de esperar, pontual e certeira.
E como eram esperadas as visita cotidianas daquele padeiro, do tempo em que o pão tinha gosto e cheiro. Eram o de sal, o sovado, o de milho, as roscas, de cobertura açucarada, coisa de encher d´água a boca da meninada.
E aconteceu numa manhã em que ambos mamãe e papai estavam fora de casa, em compromisso de fábrica ou dalguma outra demanda, que o Bazé bateu à nossa porta. Como não tínhamos uma cota fixa, mal ele baixou o balaio, flechamos em cima daquelas sonhadas iguarias, sem a menor das cortesias. E sucedeu que a mana Bebel, que suspendera a escovação de dentes, contudo, sem largar a escova, besuntou da pasta dental Philips o que vinha por cima do balaio.
Bazé, ao dar conta da pincelagem, virou uma fera. Esperou, impaciente, o retorno de papai, para reclamar que a meninada havia breiado os seus pães de dentifrisco. E passamos a viver, duplo risco, o da sova paterna e das intermináveis imprecações do padeiro.
Mas papai não radicalizou. Até rir, se não me falha a memória, chegou.
Acho que foi o dentifrisco que nos salvou.