A Conferência
Era coisa de homem, só. Não se via nem se pensava em saia em suas reuniões mensais. Congregavam-se sempre num domingo, nas instalações singelas do Grupo Escolar, botando as nádegas naqueles mesmos bancos onde a garota se educava nos chamados dias (f)úteis.
E se comportavam muito melhor. Ali no Brumado, praticamente tudo operário, da Cia de Tecidos, ou da Rede Ferroviária, e não tinha como haver mais mistura, senão étnica, que cobria todos os azimutes, contudo no mais solene dos desfrutes.
Papai frequentava piamente o encontro. E da vez que nos levou consigo, numa tarde domingueira, foi reconfortante vê-lo dar palpite, fazer uma ou outra precisão aos membros da mesa de então. E era ouvido, com atenção.
E estavam ali reunidos, todos compungidos, à busca do bem, sem porém, ainda que vivessem de minguados ordenados que Getúlio estabelecera como mínino. E dali, ainda conseguiam tirar umas migalhas para assistir aos mais necessitados, desempregados, e outros desvalidos.
Ordem, disciplina, e uma doce fluência, que até hoje me fascina. Com pouco me lembraria ainda do hino que entoavam, mas a memória não alcança tanto. Fico aqui num entrecho, que acho que era o inicial:
"...De Vicente, os exemplos..." e mais além não vou. Afinal, ninguém pra mim mais o cantou...