O envelope
O carteiro parou e procurou no saco de correspondência
um envelope amarelado pelo tempo, tirou de dentro
E na sua mão leu o documento
Para minha amada, Roseli Dantas.
Colocou na caixa de correio e tocou o sino.
Uma velha senhora observava pela cortina pálida da janela.
Depois que ele se foi, a mulher de olhar doce, seguiu até lá
Abriu a caixa, pegou o envelope e voltou
nos seus passos ainda vagarosos, para dentro de casa.
Sentou-se na poltrona estampada,
abriu lentamente o envelope e de dentro
retirou uma foto.
era de um jovem casal abraçados.
Ela estava com um chapéu rendado e um vestido amarelo.
Ele elegantemente vestido num terno completo cinza.
O ano era há muitos passados
A alegria que se entre olhavam
era notória, se amavam.
Ela lembrou-se do dia da foto em que ele lhe disse:
- Amor uma foto será sua
e outra minha, nos encontraremos em um ano.
E nunca mais se viram.
Ela o esperou por 53 anos,
mas a foto chegou.
Enquanto ela suspirava o amor perdido,
bateram à porta.
Quando abriu o rosto iluminou-se.
Um velho senhor de olhar tristonho a olhou dizendo:
-Roseli meu amor, eu não te disse que vinha?
Ela sorriu respondendo:
-Eu sempre estive a sua espera.
Eles saíram para o jardim de mãos dadas, em direção ao orquidário.
Nunca mais foram vistos.
Encontraram dias depois, em cima de uma orquídea seca, uma velha foto de dois anciãos.
De mãos dadas, eles sorriam um para o outro.
“O amor transporta-se para a eternidade, sempre que é esperado.”