O Velho Dito.
O Dito chegou ao bar da rodoviária de Itumbiara, velho, seco, pálido e corcunda montado em seus 89 anos bem vividos e disse com voz mansa e sem sentimentos:
Me dá um conhaque!
Eram quatro e dezoito de um dia quente!
O balconista, como se aquilo fosse sua rotina diária, sacou uma garrafa de presidente e encheu copo americano para Dito.
Dito se sentou sozinho numa das quatro cadeiras amarelas da skol. Botou o copo na mesa, estava meio pálido, coçou o nariz, esperou uns seis segundos, trocou o copo de lugar (não gosta de rodelinhas de marca de copo em mesas), deu o primeiro gole. Sua calça, social, tinha um furo de cigarro, apesar da dignidade de sua vestimenta, chinelas de couro, cabelo bem penteado, foi ingerindo o presidente... Quatro e trinta e um acabou com o copo, ficou mais corado, mais vivo, acendeu um cigarro, filtro vermelho, com fósforos, mesmo em local fechado, jogou o palito no chão, deu uma boa tragada e foi-se... , sabe-se lá pra onde, zanzando... por aí... no auge de seus 89 anos... bem vividos...