O ribeirão
Era forte e rápido
com certeza muito lindo.
As vezes caudaloso e barrento
noutras limpo e cristalino.
Todos os dias eu ia, nele a banhar.
Rompendo as águas eu ficava,
sempre lá mas nunca no mar.
O ribeirão era forte
e todos ali se banhavam
Até que um dia secou e
para o espanto de todo mundo
lá no seu leito, rachado
jazia um corpo no fundo,
de alguém que destemido,
haveria ousado entrar
como se um peixe fosse
e não precisasse respirar.
Lá não entrei mais,
por nada desde mundo
nunca mais naquela água,
que estava o moribundo.
A água corria sempre
por anos a fio ficou,
Mas nunca mais foi lembrado
que um dia matando a sede
ficasse lá estirado.
Numa tarde de domingo
quando lá eu passava
Não aguentei o calor
Entrei e me banhei
sempre lembrando
que todo cuidado era pouco.
Pois a água que lavava o corpo
ou a face de um homem cansado,
poderia deixar no passado
o seu corpo abandonado.
"As vezes a realidade da situação está no oculto"