541-A ÚLTMA VISÃO DO PROFETA DANIEL- Conto Bíblico

10- último- Conto da Série Daniel na Babilônia

Outros contos da Série Daniel Na Babilônia:

1º. – Conto # 485 – Daniel da Babilônia

2º. – Conto # 487 – Daniel e o Sonho de Nabucodonosor

3º. – Conto # 489 – Daniel e a Estátua de Ouro de Nabucodonosor

4º. – Conto # 492 – Os Últimos Tempos da Babilônia (ou O Banquete de Baltazar)

5º. – Conto # 520 – Daniel e o Julgamento de Susana

6º. – Conto # 521 – Daniel Desmistifica Baal

7º. – Conto # 522 – Daniel e o Dragão da Babilônia

8º. – Conto # 538 – Anos de Loucura de Nabucodonosor

9º. – Conto # 540 – Daniel na Cova dos Leões

10º.- Conto # 541 – A Última Visão de Daniel

A vida do profeta Daniel está relacionada diretamente com a história da Babilônia nos tempos de Nabucodonosor II. Por isso, de todos profetas do Velho Testamento, sua biografia pode ser datada com relativa precisão.

Segundo registros genealógicos dos judeus, era descendente de Davi. Foi levado ainda menino para a Babilonia na Primeira Diáspora, que ocorreu pelo ano 597 a.c. Fazia parte do grande números de judeus que Nabucodonosor levou para a cidade maravilhosa, onde grandes transformações estavam ocorrendo.

Escolhido pelo rei, juntamente com outros jovens da Judéia e de outros locais conquistados, foi educado na corte babilônica, sem jamais perder o vínculo com seu povo nem renegar a fé em Javé, Deus Unico e Verdadeiro dos judeus.

Graças ao seu talento, às suas profecias e a fatos considerados miraculosos, Daniel grangeou fama e prestigio extraordinários, sendo, em diversas ocasiões, o segundo homem do império babilônico.

Quando a Babilônia foi invadida pelas tropas de Ciro II, rei dos persas(539 a.C.), Daniel permaneceu como homem de confiança do novo imperador. Ciro deixou o governo da Babilônia a cargo do chefe militar Dario, que havia conquistado a cidade. Dario aproveitou os talentos e a experiência do ancião estadista da geração passada. Outra vez Daniel chegou a ser o principal conselheiro da coroa.

Foi grande a influência de Daniel para a libertação dos exilados judeus. Ele mostrou ao novo rei as profecias de Isaias, as quais anunciavam a libertação do povo judeu do cativeiro imposto por Nabucodonosor. O rei promulgou a Declaração de Ciro (537 a.C.), o decreto que terminava com o desterro dos judeus e lhes retituia a pátria e a liberdade de exercerem o culto a Javé.

Daniel era, além de homem justo e administrador probo, um grande profeta. Fez previsões que estavam muito além de seus tempo e mostravam cenários das grandes guerras de conquistas que viriam acontecer muitos anos depois de sua morte: as lutas entre a Síria e o Egito, a dominação por Alexandre o Grande de todo o mundo conhecido; a re-edificação do templode Jerusalém e até a vinda do Messias.

Foi longo o caminho de volta do povo judeu, da Babilônia á Jerusalém e à patria da qual viveram exilados durante muitas décadas. Daniel havia trabalhado com afinco para conseguir do rei Ciro II o édito de libertação dos judeus e permaneceu na Babilônia a fim de continuar protegendo seu povo, até que o último judeu tivesse retornado à Terra de Judá.

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Dentre todas as visões de Daniel, a que mais impressionou e que ficou por muitos séculos sem explicação, é uma que teve nos últimos anos de sua vida.

Encontrava-se em missão oficial do govêrno, na cidade de Shushan, capital da região dos Elamitas. Localizada a meio-caminho entre a Babilônia e às margens do mar da Pérsia, a leste do rio Tigre, a cidade estava sendo reconstruída pelo rei sob administração de Daniel.

Numa clara tarde de verão, quando todos se esquivavam da canícula, abrigando-se sob as tamareiras, nos páteos das residências ou à sombra das contruções, Daniel, ao fazer a sua terceira oração do dia, viu:

“Duas torres altissimas se erguem à beira de um grande mar. Idênticas, são como irmãs gêmeas altaneiras e orgulhosas, erguendo-se muito acima de todas as constuções que seestendem ao seu redor.

Grandes embarcações chegam e saem do imenso atracadouro, onde multidões de trabalhadores se dedicam com afinco a descarregar e carregar. Carruagens sobre rodas giram por caminhos construidos entre as habitações.

As torres impávidas são como que simbolos da aspiração humana: os homens querem, por seus próprios poderes, chegar até o céu. Gigantescas aves de metal brilhante cruzam o céu. As asas tem grande protuberâncias, por onde sai um jato de fogo. Ao longo de seus corpos estão dezenas de olhos brilhantes.

Eis que, estando o dia claro e sem nuvens, dois desses pássaros metálicos mergulham do alto do céu, na direção das torres gêmeas. As aves parecem estar cegas, pois se chocam contra as torres, cada qual por um lado. Estrondos mais fortes do que o mais forte ribombar de trovões são ouvidos até muito longe. Labaredas e fumaça negra saem por onde os passaros mergulharam. No solo, as multidões gritam de pavor e correm em todas as direções. As sombras projetadas pela fumaça vão tomando conta de tudo e no meio delas, as torres desabam. Uma nuvem ainda maior encobre toda a cidade. O fedor insuportável de materia queimada, de caliça e metal ardente se estende de horizonte a horizonte.

Enlouquecidos pelo calor, pelo desespero e pelo medo, as multidões fogem sem saber para onde.Quando a poeira se assenta, o local onde se erguiam as soberbas torres está coberto por destroços que escondem milhares de mortos, pessoas que viviam e trabalhavam no fatídico lugar.

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Daniel jamais retornaria à patria, ao seu local de nascimento. Estava com 70 anos quando teve início a grande migração do Povo De Deus. Ainda viveu muito anos na Babilônia, e acredita-se que tenha morrido com 88 anos.

Sua morte pranteada tanto por seus irmãos judeus como pelo rei Ciro II, de quem Daniel era homem de confiança. Foi enterrado na localidade que ajudava a reconstruir, hoje conhecida por Susa ou Shushtar.

Um tumulo dourado, na forma de pequeno zigurate, que brilha incenssantemente sob o sol do deserto da Persia, marca o repouso do grande Profeta Daniel, o guia do povo eleito no degredo da Babílônia.

ANTÔNIO GOBBO

Belo Horizonte, 31 de março de 2009 –

Conto # 541 da Série Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 22/11/2014
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