Desde os dezesseis anos, Ani usava sapatos de saltos altos, como ponto chave de elegância Agora, com cinqüenta anos , mantém o mesmo perfil. Passa o dia andando muito, escritório, fórum, festas; mesmo estilo, vaidosa; muda só o modelo dos sapatos. Há uma semana que caminhava mal, sentia dor no pé. Consultou o Doutor Zerado e o diagnóstico foi “esporão” no calcanhar esquerdo. Indicação, cirurgia imediata. Ficou marcada a data para baixa no Hospital das Dores. Ani preparou-se para solucionar o problema. Organizou seu trabalho, agendou novos compromissos, de acordo com o tempo previsto para recuperação.Chegou pontualmente ao hospital. Apartamento individual, agradável, acomodou-se confortavelmente. Na sala de cirurgia, confiante no médico, recebeu anestesia geral. O procedimento demorou trinta minutos. Ela não viu nada durante umas quatro horas, mas acordou com forte dor no calcanhar direito. Reclamou, achando estranho. A enfermagem procurou acalmá-la, ministrando os analgésicos indicados.
Chegou a hora da visita, Ani questionou o médico e recebeu explicações sobre os motivos que desencadearam tanta dor, além de recomendações e previsão da alta.
— Doutor, eu não entendo como a dor pode ter passado para o pé direito.
— Está certo, onde passa o bisturi dói. Eu operei o pé direito.
— Como? Doutor? Se o esporão que vim operar é no calcanhar esquerdo?
Doutor Zerado, baixou a cabeça e, caminhando, respondeu:
— Não tem importância, o esporão fica para depois...
— Está certo, onde passa o bisturi dói. Eu operei o pé direito.
— Como? Doutor? Se o esporão que vim operar é no calcanhar esquerdo?
Doutor Zerado, baixou a cabeça e, caminhando, respondeu:
— Não tem importância, o esporão fica para depois...