A AEROMOÇA DA VARING.
A AERO-MOÇA DA VARING.
Poema
Por Honorato Ribeiro.
Lá vai Chiquinho
Na sua bicicleta
Com seu terno branco
Sorrindo pra todos
Alegre e contente,
Coração em taquicardia
Que bate acelerado
Para seus olhos veem
A aero-moça tão vexado!
Lá vem o bi-motor,
O avião da VARING,
Rasgando os céus da cidade
Para o pouso a decolar
Trazendo no bojo sua amada
Feiticeira, seu amor da sua dor;
Silenciosa e malvada!
Que mata sem morrer
No fogo que queima
E que arde pra sofrer!
O gafanhoto de ferro
Aterrissa e a escada desce
E os olhos de Chiquinho
Atento e veem a linda amada!
Mas ele eufórico e a adrenalina
Começa aumentar e ele diz:
Meu Deus, que beleza!
Nunca vi coisa igual!
Gente que faço para
Que eu possa lhe beijar,
Acariciar-lhe, e lhe abraçar!
“Seu corpo é manjar do céu...”
Seu andar é uma beleza!
“Que parece uma sereia,
quando na areia se deita...”
Não vá embora, moça linda!
Fique comigo, me abraça,
Me aquece, eu te amo,
Eu te adoro, não vá embora,
Beija flor, sou seu jardim!
“Se eu sou o dono dele,
meu Deus, pra que eu
quero a receita”?!
Falava Chiquinho sozinho
No seu pensamento a sonhar!
E a aero-moça subia a escada
E ele sorrindo contente
De vê-la subindo sorrindo
Educadamente bate a mão
Fecha a porta e o avião
Decola e invade a pista
E sobe para Bom Jesus da Lapa.
Cidade da Barra, Xiquexique
Petrolina e Salvador.
Era o avião Pinga-Pinga,
Que torna voltar na quarta-feira.
E Chiquinho vai a campo
Para ver sua bela amada.
Mas ela não veio, e nunca voltou
Chiquinho volta triste de nunca
Mas poder ver a sua bela amada,
Sua deusa euterpe, sua flor
Dália, flor de um lírio perfumado
E volta triste para casa
E começa a jornada de
Falar sozinho, sorrindo
E indo à mata pegar
Ramos de mato e colocar
Debaixo do braço e ir
À igreja e se misturar
Com os fiéis a rezar
Pra São José que traga
A sua bela amada para
Ele se transformar
Num colibri e ele
A sugar os lábios rubros
Da aero-moça, que nunca
Voltou ele ficou taciturno.
Pois nunca mais a viu;
Chiquinho se transformou num
Esquizofrênico e deixou
De ser aquele jovem janota
Que só vestia roupa de linho
a passear alegremente
Com sua bicicleta, que ficou
Encostada para sempre.
Assim sofreu Chiquinho
De amar sem ser amado,
Enamorado sofredor e
Perdeu o juízo e nunca
Mais voltou a ser
Aquele jovem alegre
Até que daqui partiu
Para a eternidade!
FIM.
hagaribeiro.