521-DANIEL DESMISTIFICA BAAL - Conto Bíblico

História da Série “Daniel na Babilônia”. 7a. parte da série de 10 =

Contos da série: 101 – A babel da Torre

485 - Daniel na Babilônia

487 – O sonho de Nabucodonosor

489 – A Estátua de Ouro de Nabucodonosor

492 – O Festim de Baltazar

520 – Daniele o Julgamentode susana

Após a revelação e às interpretações dos estranhos sonhos do rei Nabucodonosor, da Babilônia, Daniel havia alcança as boas graças do rei. Nomeado governador das províncias do reino, ele tinha sido elevado a uma posição que jamais qualquer judeu havia sequer imaginado.

Esta alta posição foi conservada mesmo depois da queda de Nabucodonosor. Quando o rei Ciro invadiu a Babilônia e conquistou a cidade,manteve Daniel na posição a que havia sido alçado. Sentava-se à mesa do rei que, à vezes, acolhia seus conselhos e advertências.

Porém, uma coisa incomodava o rei. Era o fervor de Daniel ao deus Javé e a absoluta negativa em adorar Baal, o deus dos babilônios.

O culto a Baal era magnífico, com ritos impressionantes e doação de oferendas de todos os tipos, principalmente de animais, alimentos e vinhos. Apenas da parte do rei, todos os dias eram colocados no altar, em oferecimento de sacrifício, ante o ídolo do insaciável Baal, seis ânforas de vinho, quarenta ovelhas e doze sacas de farinha de cereais. Os ricos habitantes e os mercadores que transitava pela grande cidade também faziam oferendas com pedidos ou agradecimentos, em tal quantidade que o grande espaço do templo ficava atulhado.

Em um banquete, veio o assunto dos diferentes deuses, e o rei, pela enésima vez, perguntou a Daniel:

=Por que não adoras Baal, o deus dos babilônios?

=Porque eu não adoro ídolos. = Respondeu Daniel. = Ídolos são feitos por mãos humanas, de metal e barro cozido. Adornados com pinturas que os sacerdotes imaginam. Vestidos com roupagens tecidas por artesãos. Ídolos não são vivos, como o Deus da minha fé. O Deus vivo, criador do céu e de todas as coisas debaixo dele. Meu Deus é todo poderoso, que nos vigia e nos guarda em todos os dias de nossas vidas.

O rei então lhe disse:

=Não te parece que Baal é um deus vivo? Pois tu não vês como ele come e bebe as oferendas que lhes são postas todos os dias?

Daniel, sorrindo, respondeu ao rei:

=Respeitável rei, não te deixes enganar. Esse ídolo de que me falas, não pode comer nem beber, pois é feito de barro por dentro e coberto de metal, e jamais comeu ou bebeu qualquer oferenda.

A resposta de Daniel deixou o rei fora de si. Mandou chamar os sacerdotes e lhes relatou as palavras de Daniel.

=Se vocês não me disserem quem come e bebe todas as oferendas, tudo o que se gasta com o deus Baal, serão passados pelo fio da espada. Se, por outro lado, me mostrarem que é o próprio deus Baal quem aceita e come tudo aquilo que lhe é colocado à sua frente, então Daniel deverá morrer, pois blasfemou contra Baal.

Daniel, seguro de sua fé e de sua afirmação, disse a Ciro:

=Faça-se segundo o que dizes.

Grande era o clero no templo de Baal. Setenta sacerdotes ali viviam, com suas mulheres, filhos, filhos dos filhos e servos. Constituía uma pequena multidão, que se reuniu no templo para provar ao rei o grande apetite do deus que adoravam. Na presença do rei, de Daniel de outras testemunhas, o chefe dos sacerdotes disse:

=Eis que nós vamos sair. Mandai, oh Rei!, colocar no altar todas as oferendas do dia. Fechai, após, a porta do templo e selai-a com a marca do vosso anel. Amanhã, retornaremos todos e se não virdes que Baal tudo comeu, então morreremos. Mas se verificardes que o Deus insaciável tudo devorou, então quem morrerá será Daniel, por ter ousado blasfemar contra Baal.

A voz do sacerdote era clara e ele falava com desprezo, dirigindo-se especialmente a Daniel. Sabia que no outro dia, o altar estaria tão limpo como todas as outras manhãs anteriores e todas as manhãs que se seguiriam. Pois ele mesmo havia supervisionado os serviços da abertura de uma entrada secreta debaixo da mesa do altar, por onde entravam à noite e levavam embora todas as oferendas. De madrugada, no festim que se seguia nas câmaras ocultas do templo, os sacerdotes e suas famílias consumiam tudo o que podiam, e armazenavam o resto para os banquetes futuros.

Assim que os sacerdotes saíram, o rei mandou lacrar a porta do templo. Antes que fosse fechada, porém, Daniel ordenou aos seus criados que trouxessem cinza muito fina, passada por peneiras de estreitíssimos crivos, e que a espalhassem por todo o chão do templo, na presença do rei.

Ciro estranhou aquele ritual, mas não teve como impedi-lo. Após, a enorme porta do templo foi fechada e lacrada com o sinal do anel do rei.

No dia seguinte, Daniel já estava esperando pelo rei, quando este apareceu,com toda a pompa e circunstância. Dirigiram-se ao templo. Ante a porta lacrada, o rei perguntou:

=Está intacto o selo?

Daniel confirmou:

=Sim, está intacto, como ontem o deixamos.

Imediatamente, o rei quebrou o selo e a porta foi aberta.

Ciro entrou e, ainda na entrada, pode ver o altar vazio. Exclamou, exultado:

=Vós sois grande, oh Baal! Como posso ver, devoraste todas as oferendas, provando que sois um deus vivo.

Daniel, entretanto, começou a rir, e pediu ao rei que se detivesse ali, para não pisar mais adiante, sobre a fina poeira no chão, dizendo:

=Olha para este pavimento, e veja estas pegadas. De quem pensais que são?

=Sim = Disse o rei. = Vejo pegadas de homens, de mulheres e de crianças. Mas que isto significa?

Daniel então mostrou ao rei que todas as pegadas iam ter à porta secreta, sob o altar.

Mandou o rei que os sacerdotes viessem à sua presença. Ao se verem descobertos, confessaram que sim, todas as noites, retiravam pela porta secreta as oferendas, e as consumiam com seus familiares e escravos fiéis.

=Raça de víboras! Enganadores e mentirosos! A morte será pouco para sua punição.

Assim dizendo, o rei lavou a sentença de morte de todos os sacerdotes, suas famílias e de todos que participavam dos banquetes feitos com as oferendas ao deus Baal.

=Quanto a ti, Daniel, entrego ao teu arbítrio o templo e o ídolo de Baal. Faça deles o que mais lhe aprouver.

Durante muitos dias seguintes, uma espessa coluna de poeira levantava-se do local onde estavam o templo e o ídolo, destruídos por ordem de Daniel.

ANTONIO GOBBO

Belo Horizonte, 26 de novembro de 2008 –

Conto # 521 da Série Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 14/11/2014
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