Contos, de réis.
Não havia esboçado nenhum contentamento com aquela nudez tão pura e nem um mísero desejo ao contemplar aquele seio descoberto, ou aquele corpo intocado. Parecia que ela se sentia mais confortável com sua própria nudez do que eu outrora havia me sentido ao possuir outras mulheres.
Aquele corpo casto ainda atiçava a minha curiosidade masculina, porém me deixava receoso de ferir para sempre aquela alma tão pura, outrora intocada e nunca antes possuída pelos prazeres carnais. Mas fiz como mandava o meu impulso, possuí enfim aquela moça com a graça que a experiência que as mulheres me haviam concedido. Após ouví-la deleitando nas graças de um corpo só, me vi aliviado pois pressentia algo mais do que uma só noite.
Era a dama de luxo mais cara daquele aposento. Sua castidade me custara milhares de contos. Porém me havia enchido de orgulho sobre os outros algozes que freqüentavam aquele ambiente tão vil apesar de excitante, que haviam de comprar o que de mais valioso possuía aquela moça, que havia se tornado mulher então.
Quisera eu ter me livrado da lembrança daquela moça, mas ela não houvera sido como as outras que tivera em meus braços. Possuía uma calma imensurável no falar e no suspirar doce que emanava de suas entranhas. E me esquecera de perguntar seu nome ao menos...
E aquele devaneio ficava no meu ser, desde o acordar até o deitar no meu leito sombrio sem a presença daquela moça-mulher.
Fui ao bordel novamente, vi-a fumando uma cigarrilha e sorrindo alto com muitos homens ao redor. Um copo do whisky mais caro e um charuto cubano estavam em sua mesa. Trajava um sedutor corpete vermelho e botas longas de salto bem fino. Vi-a poderosa e desejada, vi-a mulher. A mulher que eu fiz com tanto dinheiro e sexo.
Tirei a graça-menina e a magia encantadora da moça. Feri seu doce coração e hoje sinto algo me dizendo que essa não me atrai mais. Me atraem as doces moças intocadas, me atraem as puras carnes da menina de família. Me atraem meninas, me amedrontam mulheres.