Danações de Arthur
Dona Regina, professora aposentada, bastante conceituada em seu meio. Para não perder-se no tempo, ainda ofertava aulas de reforço em sua humilde casa. Ela era uma senhora bastante conhecida no Município, por ser uma professora, exigente, severa, enfim, por ter o devido tato e conhecer a fundo o que fazia, bem como colocar qualquer aluno desinteressado nos trilhos.
Em seus anos como professora de aula normal, e últimos, como professora de reforço, mais quem agradecia e reconhecia os seus serviços.Recém aposentada, naquele ano, em que ela pensava em se aposentar de vez, fora lembrada e homenageada pela câmara Municipal com a comenda do Município.
Noticiada pela televisão, qual elevou ainda mais o seu prestigio e a sua fama, aos quatros cantos do Estado do Amapá, dizia ela em entrevista, que a sua maior satisfação era lecionar e encaminhar muitos meninos ao seu verdadeiro lugar.
Foi nesse instante, que o senhor Alberto, responsável pelo menino Arthur enxergou a esperança de fazer aquele garotinho vislumbrar o interesse pelo estudo e ser uma aposta para um futuro acolhedor. Coisa que estava fugindo ao seu controle, visto que o garoto estava deixando todos de cabelos esbranquiçados de tanta consumição. Na escola se escorava, não fazia a lição e em casa as governantas não sabia mais o que fazer. E sem saber mais como proceder para encaminhar o menino. Com medo de perdê-lo para rua, para os maus caminhos, viu naquele noticiário a chance de ouro, para que o menino se encontrasse na vida.
Por quanto, foi-se o senhor Alberto, naquele dia conversar com a dona Regina, levando sem que ela soubesse um presente de “grego”. Que explicado os motivos e a situação. Sem titubear, aquela senhora guerreira aceitou o desafiou e de pronto acolheu a idéia de educar aquele garotinho peralta. Rezada as condições, acatadas pelo responsável, no dia seguinte lá estava ele.
Peralta, peraltinha, sapeca, sapequinha, ela impôs a disciplina. O menino era mesmo difícil, de inicio foi um caos total. Não sabia a tabuada, não sabia a leitura e os deves de casa todos por fazer, parecia que a preguiça estava ali em pessoa. Reboliço aqui e acolá, Dona Regina conseguiu fazê-lo sentar e por todo o dia, era lá e cá. Foi preciso dispensar os outros alunos para ficar só com ele, mas ela ficou firme.
Ele aprendeu a lição, aprendeu boa parte da tabuada. Enfim ela descobriu, então, o óbvio, que por ser inteligente demais era preguiçoso ao extremo. E toda aquela consumição, toda aquela tensão do dia, com o menino acabou elevando a sua pressão. Fator que, a deixou um dia inteirinho, internada no soro. Com o diagnostico do médico, de estafa de trabalho.
Duas semanas depois, já recuperada recebeu em seu leito de descanso, um novo Arthurzinho, com rosas nas mãos e o sorriso de gratidão pela sua evolução. O fato é que também, o menino tornou-se tão representativo, por suas atitudes e eloquência, que as escolas agora o requisitavam.