514-TERRAS DE UM NOVO MUNDO - História e Ficção

A Nau desaparecida – 5ª. Parte

= A VIAGEM E A DESCOBERTA

== A rota de Flor Del Mar

Vasco Ataíde habilmente dirigiu se aos baixios que existem a sudoeste da Ilha de Boa Vista, e navegando pelos baixios, sobressaiu mais a noroeste e tomou rumo decidido do oeste, pela rota que julga ser a rota para Hispaniola, a ilha descoberta por Colombo.

Impulsionada pelos mesmos ventos que levaram Colombo de Cabo Verde a Trindade, na sua terceira viagem às terras que ele afirmava ser a Índia e que realmente eram as costas das ilhas localizadas no mar que veio a ser conhecido como Mar do Caribe.

Navegou para oeste durante quatro dias, em mar bonançoso e ventos que impulsionavam a nave com rapidez. No quinto dia, determinou mudança de direção para o sul. Suas ordens baseavam-se não só nos mapas (precários) que mantinha em sua cabine de comando, como também numa intuição: as terras descobertas por Colombo devem estender-se de norte a sul, e além de ilhas, terras contínuas deverão existir alhures.

A lenda da Atlântida era mais do que uma história, ainda existia quem acreditasse em uma grande ilha ou continente que abrigasse a civilização mitológica. Outros relatos de navegadores circulavam como boatos pelos principais portos de onde saiam os audazes navegadores. Vasco de Ataíde ouvira um desses relatos, sem documentação, mas dignos de créditos pelos navegadores envolvidos na exploração: Em 1499 Vasco Pinzon e Américo Vespúcio haviam partido do Cabo de São Roque (no posto mais a leste da costa do Brasil) e viajado ao longo da costa na direção de noroeste, passado por Trinidad e chegando a Cuba. Sempre acompanhando a costa, não encontraram passagem para o oeste, o que indicava a continuidade das terras de norte a sul.

== Terra à Vista!

Uma semana após a mudança de direção, ouviu-se o grito do grumete, do alto da gávea:

— TERRA Á VISTA !

A aproximação se deu com tranqüilidade, pois a praia de areia branca se estendia infinitamente. Não se viam sinais de recifes ou abrolhos que pudessem constituir obstáculo a aproximação. |Procuram um porto seguro, que logo encontraram: uma ampla baía, na qual desembocava mansamente um rio.

A âncora foi lançada e o primeiro barco foi aprestado.

As dunas de areias amarelas eram entremeadas por manchas de verde vivo. Nenhum sinal de habitante. O céu era riscado por aves marinhas que pareciam saudar os recém-chegados. Notava-se no mar abundancia de peixes e algas flutuavam ao sabor das ondas.

Dom Vasco Ataíde estava à proa do barco impulsionado por remadas vigorosas. Examinava com cuidado horizonte de um extremo a outro.

— Parece as costas de Marinid — Falou com o imediato, uma referência às areias douradas do norte da África, onde o deserto mergulha nas águas do Mediterrâneo.

Pelas medições e cálculos não muito rigorosos, estavam muito mais ao norte do que a esquadra de Cabral, que haviam deixado semanas atrás, e ao sul das terras descobertas por Cristóbal Colombo.

O capitão determinou ao imediato, que era ao mesmo tempo o escrivão, encarregado de registrar todos os eventos da expedição.

— Estas terras são desconhecidas. Faça todos os registros e apontamentos necessários para garantir a posse a El-Rei de Portugal.

Sem saber, Vasco Ataíde havia pisado, dias antes de Cabral, em terras que viriam a ser a Terra de Santa Cruz e, mais tarde, o Brasil.

ANTONIO GOBBO

Belo Horizonte, 11 de setembro de 2008-

Conto # 514 da Série Milistórias -

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 12/11/2014
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