511-A ARMADA DE CABRAL-História e ficção

A Nau Desaparecida - 4a. parte

a- A Armada de Cabral

b- desaparecimento de Flor Del Mar

1 – Armada de Cabral.

A data marcada para a partida da frota foi o dia oito de março. O porto estava repleto de gente que se ajuntara desde o alvorecer. A notícia da frota de Dom Pedro Álvares Cabral correra pelo reino e os nobres de todas as regiões ali estavam para não só prestigiar a grande empresa de Dom Manuel, o rei estimado tanto pelos nobres como pelos mais humildes súditos.

Dom Manuel, mais tarde conhecido como “O Venturoso”, não pertencia à Ordem dos Cavaleiros de Cristo, mas estava completamente ligado à ela devido à imensa dívida assumida pelos antecessores, para financiar as importantes e dispendiosas viagens ultramarinas de Portugal.

Ao assumir o trono, herdou uma Coroa endividada. O império ultramarino carecia de novos investimentos, novas expedições, a fim de ser expandido e consolidado. Outra parte da estranha herança real era o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Castela e Portugal. Firmado em sete de junho de 1494, o Tratado dividiu o mundo a ser descoberto e explorado entre as duas potências ultramarinas, com a bênção do Papa.

A personalidade de Dom Manuel destacava-se dos seus antecessores imediatos: mais impetuoso do que o Infante Dom Henrique e mais ambicioso do que Dom João II, deu grande importância às viagens que iriam proporcionar a Portugal um lugar importante e na exploração colonial dos séculos futuros.

A corte de Lisboa se opunha a novas expedições, consideradas extremamente dispendiosas, mas Dom Manuel superou aquela oposição. Para consolidar as posições e os postos já conquistados pelos grandes navegadores Diogo Cão, Vasco da Gama e Nuno Alves, ordenou que uma grande expedição armada fosse enviada às Índias. Esta expedição, cujo comando foi confiado a Dom Pedro Álvares Cabral, foi idealizada em 1499 e, em pouco menos de um ano, a frota de dez naus e três caravelas estava pronta para partir.

À finalidade principal de estabelecer definitivamente a posse de certas cidades da Índia e do sudoeste asiático, outras foram acrescentadas. Com o conhecimento apenas dos mais leais amigos do rei, a frota deveria estender sua viagem bem para o oeste, onde terras já haviam sido descobertas por Cristóvão Colombo. E, quase que na última hora, uma nau fora incorporada: a décima primeira nau, a misteriosa Flor Del Mar.

A armada de Cabral foi a mais famosa e poderosa armada constitutida até então. As treze embarcações transportavam entre 1500 e 1900 homens (o numero exato se perdeu nas brumas da história) entre a tripulação, soldados, religiosos e funcionários.

Partiu de Lisboa em 9 de março de 1500, após a celebração de missa da Ermida do Restelo, à qual compareceram o Rei Dom Manuel e toda a Corte de Portugal.

Todas as naves ostentavam em suas velas a Cruz de Cristo, vermelha em fundo branco, que anunciavam não só o espírito de cristandade que norteava todos os atos e empreendimentos da corte portuguesa, mas também o prestigioso patrocínio financeiro da Ordem de Cristo, a poderosa congregação sucessora dos Templários e fiel depositária do tesouro fabuloso dos Cavaleiros de Cristo.

2 – O Desaparecimento de Flor del Mar

– A nau comandada por Vasco de Ataíde simplesmente sumiu sem que houvese tempo forte ou contrário. Foi feita uma diligência ligeira e nada se encontru da nau desaparecida de 150 homens tinham sido consumidos pelo mar Após 2 dias de infrutifers buscas a esquadra seguiu seu rumo

...”apenas duas semanas após a partida, uma das naus desapareceu “ - ...comeu-a o mar” conforme foi comunicado ao Rei-

Nada aconteceu que pudesse justificar o desaparecimento da nau – não se registraram temporais, ventos bravios ou correntes adversas. A nau simplesmente sumiu.

Apenas quinze dias havia transcorrido desde a partida da frota quando algo estranho aconteceu. Na manhã de 23 de março, a nau comandada por Vasco Ataíde sumiu no mar sem deixar vestígios. O dia amanhecera claro, o vento era favorável e tudo prenunciava um dia de navegação tranqüila, rumo a sudoeste.

Estavam a oeste da Ilha de Cabo Verde e já navegavam em águas até então desconhecidas. Para muitos, estavam próximos da borda do precipício onde as águas do oceano se precipitariam nos reinos dos Atlantes, lenda que povoavam a imaginação da maioria dos tripulantes

A embarcação e os 120 homens “foram tragados pelo mar, sem que houvesse tempo forte ou contrário”, conforme escrito no escrivão oficial Pedro Vaz de Caminha..

Não notaram sinais de naufrágio, nem havia motivo algum para que a nau fosse a pique. Apenas e simplesmente, navegando mais ao norte e mais a oeste, a Flor Del Mar desapareceu, como que tragada por alguma entidade misteriosa, dragão do mar ou gigante enfurecido, que povoavam as mentes dos navegadores de então.

O que mais deixou todos preocupados foi a indiferença do comandante para com o desaparecimento da Flor Del Mar. Nenhuma embarcação foi enviada na busca da nau desaparecida. Nem mesmo um vinco de preocupação marcou a face impávida de Dom Cabral. Os capitães das demais embarcações viram nisso um mau presságio, um sinal de que a frota estaria sob influências de forças desconhecidas, malignas ou nefastas.

Sabiam os capitães dos navios que a frota tinha por destino final a fabulosa e misteriosa Calicute, na Índia, onde instalaria um entreposto comercial. Sabiam também que suas embarcações deveriam ser dirigidas mais para o ocidente, a fim de confirmar notícias da existência de terras mais ao sul do Equador.

Essas informações circulavam insistentes em Veneza e em Bilbao, passadas por espanhóis que teriam chegado a um grande rio ou mar às margens do qual viviam mulheres guerreiras – as amazonas.

No entanto, o desaparecimento da Flor Del Mar não foi acidental nem constituiria uma tragédia. Tudo estava dentro dos planos previamente estabelecidos pelo comandante da Armada, antes mesmo de deixarem Portugal.

Misteriosamente, Flor Del Mar como que se tornara invisível e desapareceu nas águas do Oceano Atlântico.

ANTONIO GOBBO

Belo Horizonte, 28 de julho de 2008 –

Conto # 511 Série Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 11/11/2014
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