O Monge Cozinheiro


    Aquele jovem realizou seu desejo e foi acolhido no mais famoso mosteiro Zen do seu pais.
     Ansioso pelos conhecimentos transcendentais e em busca da iluminação, enfileirou-se para ser selecionado pelo Grão-Mestre, um monge com dons especiais que selecionava cada qual para passar pelo período necessário de aprendizado.
     Nosso jovem ansiando por ser selecionado para ser um meditador, ou um estudioso, um musicista ou alguma função que considerava mais nobre, viu-se indicado para os trabalhos na cozinha.
     Decepcionado, mas resignado, seguiu ali por 1 ano, quando uma nova seleção seria feita.
     Novamente decepcionou-se, pois voltou à cozinha e assim seguiu por 5, 10, 30 anos...
     Quando o velho Grão-Mestre, com quase 100 anos, sabendo que iria partir para a vida real, reuniu todos no mosteiro para indicar o seu sucessor e os guias das diversas funções.
     Nosso jovem, que agora já era um Monge maduro, foi surpreendido ao ser indicado para substituir o Grão Mestre na função de líder do Mosteiro. Houve uma surpresa geral, principalmente para o nosso amigo que, antecipando-se aos demais, perguntou ao líder:
     - Grão-Mestre eu não entendo. Servi durante mais de 30 anos na cozinha e dali não saí a não ser para as orações, meditações e práticas marciais coletivas. Não me sinto merecedor e todos aqui o sabem. Por que o Senhor nos surpreende a todos com essa escolha que considero, me perdoe, indigna da minha pessoa?
     - Meu filho - disse o Grão-Mestre elevando ao máximo suas forças e a sua voz - desde o primeiro dia em que para cá viestes sabia eu que serias o meu substituto. Tua alma já era boa e pura ao extremo. Dedicou-se sempre ao trabalho e já possuías uma visão que os outros não possuem. Suas boas energias na cozinha produziam vibrações que transformavam o alimento em remédio que curava cada um neste mosteiro além do que a maioria aqui pode imaginar. Será meu substituto pelo coração que possuis, pelos seus elevados sentimentos de respeito ao próximo e a todas as criaturas vivas. Tu já carregas o Amo no coração e isso se multiplicará por todos aqui. Foste o escolhido por mim e, tuas escolhas, com o tempo mostrarão a todos o quão grande é a tua bondade...
     O mosteiro calou-se e aquele jovem, até quase alcançar os 100 anos dirigiu os trabalhos com dedicação ímpar e tornou-se conhecido como o Grão Mestre do Amor!
     Namastê!