502-AS TÁBUAS DA LEI- História & Ficção

AS TABUAS DA LEI- 1o. cap. de A Nau Desaparecida.

No Deserto e no Templo de Jerusalém

Durante os quarenta anos que erraram pelo deserto, os israelitas vivenciaram experiências extraordinárias. Liderados por Moisés, sobreviveram às duras provações da vida nômade e receberam as orientações de como construir a Arca da Aliança, local de oração durante a peregrinação pelo deserto. De Jeová receberam, sempre pela intermediação de Moisés, a Primeira Lei escrita de conduta social para a multidão de errantes que saíra do Egito em busca da Terra Prometida. O Decálogo, escrito em duas lâminas de pedra — conhecidas por Tábuas da Lei — era o resumo das obrigações e proibições a que estava sujeito o Povo Eleito.

As Tábuas da Lei eram veneradas como objeto sagrado e mantidas sob a guarda dos sacerdotes, que eram também responsáveis pela Arca da Aliança.

Quando os israelitas chegaram à Terra Prometida, dividiram-se nas Doze Tribos, ocupando a região de Canaan. Ainda que dividida em tribos, conservaram a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei, como símbolo de sua união e das promessas de Jeová. Foram guardadas em Nobe, conforme informação do profeta Samuel.

Muitos anos depois, para engrandecimento de Jeová, Salomão construiu o magnífico Templo de Jerusalém, um verdadeiro marco na história do Povo Eleito e considerado uma das maravilhas do mundo antigo.No suntuoso templo foram colocadas as relíquias do povo israelita, sendo as mais importantes a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei, que permaneceram sob a guarda dos sacerdotes.

As Tábuas da Lei se perdem na destruição do Templo de Jerusalém

Aos anos de glória do sábio Rei Salomão, seguiram-se tempos de guerras e destruição. Nabucodonosor, invencível rei da Babilônia, tomou Jerusalém por duas vezes. Na segunda campanha, a fim de acabar de vez com as freqüentes revoltas dos reis de Judá, arrasou toda a cidade, destruindo o Templo, santuário significativo do Povo Eleito.

Jeremias foi o grande profeta das atribulações que desceriam sobre o Reino de Israel. Muitos não acreditaram nas profecias que chegavam à insanidade. O Templo destruído? Jamais o Deus Único e Vivo, Jeová, iria permitir!

Entretanto, Ananias, Sumo Sacerdote do Templo, ouviu as palavras de Jeremias. Acreditava como certa a destruição da cidade e do Templo. Por isso, preparou um plano que colocou em prática poucos dias antes da ação do exército do rei invasor. Reuniu toda a família, de 18 pessoas com mais duas dezenas de guardas do Templo. Enquanto sacerdotes e doutores da lei fugiam ou eram presos, o grupo entrou no Templo e tirou da Sala do Tabernáculo a Arca e as Tábuas da Lei.

Colocaram a Arca em uma grande caixa e as Tábuas numa caixa menor. A caixa com a Arca foi colocada em uma carroça e coberta com palhas, como se fosse produtos da colheita de trigo. A caixa menor, foi colocada em outra carroça, menor e mais rápida. Os veículos seguiram, por caminhos diferentes, a caminho de Nobe, onde já haviam permanecido durante muitos anos passados. .

A carroça com a Arca foi interceptada pelos soldados de Nabucodonosor, que mataram os guias e a jogaram em um profundo despenhadeiro .

Os carregadores da caixa com as Tabuas da Lei viram, ao longe, o massacre dos companheiros e a destruição da Arca. Esconderam as Tabuas em uma gruta, cuja entrada tamparam com galhos verdes. Prosseguiram com a carroça, agora vazia de seu sagrado conteúdo. Às portas da cidade, foram igualmente cercados pelos soldados inimigos.

Ananias e família e todos os guardas que participavam do plano foram massacrados impiedosamente.

As Tábuas da Lei são encontradas

Com Jerusalém destruída e os judeus exilados em massa, o local onde as Tábuas tinham sido escondidas permaneceu ignorado até mesmo pelos Sacerdotes do Templo de Jerusalém, agora segregados na cidade da Babilônia.

Por séculos e séculos, a gruta, desconhecida e inacessível, foi depositária da preciosa relíquia. Até o dia em que uma patrulha do exército do Duque de Orleans, que fazia parte da Sétima Cruzada, com destino a Jerusalém, encontrou a gruta e a caixa hermeticamente fechada.

Aberta a caixa, encontraram as duas lâminas finas de pedra com inscrições numa língua desconhecida. Homens rudes, os soldados do duque não sabiam o valor do que haviam encontrado. Mesmo assim, trataram o achado com respeito e levaram a caixa para Jerusalém. Não mais esclarecido que seus soldados em termos de história e arqueologia, o duque entregou a caixa com as lâminas de pedras ao chefe dos Templários, para que fosse feita a tradução dos caracteres em escrita antiga.

Desta forma as Tábuas da Lei, venerável e sagrada relíquia do Povo Eleito foi apossada pela Ordem dos Cavaleiros do Templo e incluída no fenomenal tesouro que os Templários acumularam durante séculos de sua existência.

O Tesouro dos Templários

Templários eram os membros da ordem militar-religiosa fundada em 1119, em Jerusalém denominada Pobres Cavaleiros de Cristos e do Templo de Salomão, criada para proteger os peregrinos e lugares sagrados da Terra Santa, palco guerras entre cristãos e muçulmanos. Seus membros eram destemidos soldados de elite que se submetiam às regas monásticas da ordem: eram as Tropas de Elite de Deus.

A coragem dos guerreiros nas batalhas aliada ao misticismo e mistério que os cercavam conferiram grande prestígio, além de proporcionar — pela pilhagem e doações — o acúmulo de um tesouro de valor incalculável.

Em 1291, os Templários se transferiram para a Europa, onde passaram a administrar um verdadeiro império espalhado por todos os paises: terras, castelos, conventos, direitos de cobrança de impostos, além de dinheiro, muito dinheiro, que lhes eram confiados para guarda e aplicação. De guerreiros e monges passaram a incipientes banqueiros e administradores capazes.

O Tesouro era constituído, em grande parte, de relíquias religiosas: o Santo Gral (cálice usado por Jesus na santa e última ceia); o sudário no qual fora enrolado, após a morte; as Tábuas da Lei, recebidas por Moisés no monte Sinai; pedaços da cruz na qual Jesus fora crucificado; objetos pertencentes aos reis que adoraram Jesus na manjedoura; um cabeça embalsamada que seria a de João Batista.

Numa época de extrema veneração por tais relíquias, cada catedral recém construída desejava ter uma delas para atrair os devotos. Esta necessidade por objetos místicos e legendários conferiam um valor extraordinário ao tesouro dos Templários.

Bem administrado, os bens renderam e se multiplicaram de forma incalculável. Compraram terras e direitos feudais, corrompiam autoridades e administrações. Eram um formidável império que ultrapassava as fronteiras dos paises e se estendia por toda a Europa de então.

Tal riqueza e tamanho poder gerou uma cobiça por parte do rei Felipe IV, o Belo, da França, que proscreveu, em 1307, a Ordem dos Templários na França e nos paises de esfera de influência. Numa ação rápida e eficaz, prendeu, torturou, processou e condenou à morte todos os dirigentes. Com a morte na fogueira, de Jacques Monay, 22O. e último Grão-Mestre (chefe máximo) , foi considerada extinta a Ordem dos Cavaleiros de Cristo.

Todavia, os Templários, observando as nuvens sombrias que surgiam no horizonte da confraria, trataram de esconder o tesouro. Comboios de carroções, fortemente protegidos e bem disfarçados, cruzaram a Europa, levando as peças mais valiosas e queridas para as distantes cidades. Quanto mais longe de Paris, melhor. Para o Sul, dirigiram-se para Aragão, Castela e Portucale.

Lisboa foi uma das cidades escolhidas pelos vigilantes dirigentes da Ordem para abrigar grande parte do tesouro. Os reis da nação lusa, emergentes com relação às velhas dinastias da Europa, viam com tolerância os Cavaleiros de Cristo e deram guarida não só o tesouro como às atividades dos desfalcados membros.

O rei Dom Diniz acolheu-os e deu-lhes permissão para fundar, em 1317, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo. Foi mantida a estrutura e o símbolo dos templários — a Cruz de Copta, que, dois séculos depois foi usada nas velas dos navios lusos — pois as expedições eram financiadas com fundos da nova ordem.

continua- conto # 503-O Tesouro Santo

ANTÕNIO GOBBO

Belo Horizonte, 7 de julho de 21008 –

Conto # 502 da Série Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 08/11/2014
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